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Santiago é sacudida por protestos contra aumento na passagem do metrô

Santiago, Chile

18/10/2019 23h07

A capital do Chile foi sacudida nesta sexta-feira (18) por violentos protestos contra a elevação das tarifas do metrô, que incluíram ataques a várias estações do serviço de transporte metropolitano.

Após a convocação de uma série de "evasões em massa", para protestar contra o aumento de 800 para 830 pesos na passagem no horário de pico, os manifestantes passaram a atacar as estações do metrô em Santiago.

A empresa informou que a totalidade do metrô da capital, que transporta cerca de três milhões de passageiros por dia, deixou de operar após os ataques.

"Toda a rede de metrô se encontra fechada por distúrbios e destroços que impedem contar com as condições mínimas de segurança para passageiros e trabalhadores", anunciou a ferroviária metropolitana por meio de uma mensagem no Twitter.

Chamas engolem icônico edifício da companhia de elétrica Enel no centro de Santiago, após um protesto em massa - Javier Torres/AFP  - Javier Torres/AFP
Chamas engolem icônico edifício da companhia de elétrica Enel no centro de Santiago, após um protesto em massa
Imagem: Javier Torres/AFP

Os protestos prosseguiram com a chegada da noite e o prédio da companhia de elétrica ENEL, de capital italiano, estava em chamas.

O incêndio começou no setor das escadas externas do prédio, no centro de Santiago, e depois se propagou para os escritórios superiores.

Recrutados nas redes sociais sob o lema #EvasionMasivaTodoElDia, milhares de pessoas —principalmente estudantes— se organizaram ao longo desta semana para derrubar os portões das estações, destruir as catracas e passar pelos controles de acesso para protestar pelo aumento das passagens (3,75%) nos horários de pico.

O fechamento forçou os usuários do metrô a subirem à superfície, sobrecarregando o sistema de ônibus da cidade e tendo que caminhar pelas ruas para suas casas, evitando conflitos entre a polícia e os manifestantes.

Na estação de La Moneda, em frente à sede do governo, dezenas de manifestantes —na maioria jovens— depredaram instalações no início da tarde. A polícia respondeu com jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo.

Horas mais tarde, os protestos aumentaram, geraram incidentes maiores, com manifestantes atirando paus e pedras em direção às forças policiais, que reagiram com o uso de carros de choque. A sede do governo foi cercada por um perímetro de segurança.

Na quinta-feira, os protestos deixaram 133 presos após ações simultâneas em pelo menos cinco das 164 estações da ferroviária metropolitana, com danos calculados pela empresa estatal entre 400 e 500 milhões de pesos, o equivalente a cerca de 634.000 dólares.

Com base no aumento do preço do petróleo, no dólar e na modernização do sistema, o valor do bilhete do metrô de Santiago nos horários de pico —de manhã e à tarde— subiu para de 830 pesos (cerca de US$ 1,17). Desde 2010, não havia um aumento dessa proporção.

O aumento não afetou o valor das passagens para estudantes e idosos, mas se soma ao aumento geral de 20 pesos nas tarifas decretadas em janeiro passado.