Líbano tem mais um dia de manifestações contra os políticos
Beirute, 20 Out 2019 (AFP) - Dezenas de milhares de libaneses se reuniram neste domingo no centro de Beirute, no quarto dia de um movimento de protesto que exige a renúncia de toda a classe política, acusada de corrupção.
O movimento, ampliado para várias cidades do país, nasceu de forma espontânea na quinta-feira, após o anúncio de uma tarifa para as ligações feitas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. A medida foi cancelada por pressão das ruas.
Mas a irritação dos libaneses foi canalizada em seguida para a situação econômica e política em geral, em um país onde mais de 25% da população vive abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial (BM).
As manifestações, protagonizadas por pessoas de todas as idades e classes sociais, não dão trégua.
De Trípoli e Akkar, na região norte, até Baalbek, no leste, passando por várias cidades da costa, incluindo Tiro e Sidon, ao sul, e Shouf (leste), os libaneses demonstram seu descontentamento.
Com bandeiras libanesas, os manifestantes gritam "revolução" ou o "o povo quer a queda do regime", principais lemas da Primavera Árabe.
A classe política permanece praticamente inalterada no país desde o fim da guerra civil (1975-1990) e é acusada de mercantilismo em um país com infraestruturas deterioradas, escassez crônica de energia elétrica e água potável, além de um custo de vida elevado.
Depois de um sábado marcado por manifestações em todo o país, os libaneses voltaram às ruas no domingo.
Muitos acreditam que este pode ser o maior protesto até o momento, na véspera do fim do ultimato de 72 horas que o primeiro-ministro Saad Hariri impôs a sua frágil coalizão de governo, abalada por divisões, para que aprove as reformas econômicas.
Hariri insinuou que poderia renunciar caso não consiga a aprovação das reformas. Sua coalizão é dominada pelo grupo do presidente Michel Aoun e seus aliados, que incluem o movimento xiita Hezbollah, que não desejam a saída do primeiro-ministro.
Aliado de Hariri, o partido Forças Libanesas anunciou no sábado a renúncia de seus quatro ministros, uma iniciativa recebida com agitação pelos manifestantes.
Aos gritos de "Todos significa todos", os libaneses exigem a queda de toda a classe política.
No centro de Beirute, sede do governo e que virou o epicentro dos protestos, grupos de voluntários limpavam as ruas. Nas proximidades, os muros foram pintados com frases como: "O Líbano pertence ao povo" ou "A pátria para os ricos, o patriotismo para os pobres".
No sábado, as manifestações aconteceram em um ambiente festivo em todo o país.
Em Trípoli, segunda maior cidade do Líbano, tradicionalmente conservadora, a multidão se reuniu na praça Al Nur e dançou ao som de um DJ.
Em alguns pontos do país, os manifestantes incendiaram pneus e bloquearam estradas, mas não foram registrados confrontos com as forças de segurança.
Em um fato incomum, o protesto atingiu redutos dos poderosos movimentos xiitas Hezbollah e Amal.
Os bancos, fechados desde sexta-feira, não devem abrir as portas na segunda-feira.
Os libaneses expressam irritação com a crise econômica em um país onde a dívida pública alcança mais de 86 bilhões de dólares, ou seja, mais de 150% do PIB.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.