OMS convoca o 'mundo inteiro a agir'; primeiros estrangeiros são evacuados
A Organização Mundial da Saúde (OMS) exortou nesta quarta-feira (29) o "mundo inteiro a agir" na luta contra o novo coronavírus, que já matou mais de 130 pessoas e infectou quase 6.000, superando o número de contágios da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), há quase 20 anos.
"O mundo inteiro tem que agir", disse Michael Ryan, chefe do programa de emergências da OMS, a jornalistas em Genebra.
O secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu, tuitou que "a maioria dos mais de 6.000 casos do novo #coronavírus estão na China - apenas 1%, isto é, 68 casos, foram registrados no dia de hoje em outros 15 países".
No entanto, devido ao "risco de propagação global", Ghebreyesu convocou o Comitê de Emergência para determinar se "a epidemia atual constitui uma urgência de saúde pública de alcance internacional", acrescentou.
Evacuações
Enquanto isso, vários países começaram a evacuar seus cidadãos - junto com 56 milhões de chineses - na cidade de Wuhan e na maior parte da província de Hubei, isolada por um cordão sanitário desde 23 de janeiro, em uma tentativa das autoridades de conter a epidemia.
Um avião com 206 japoneses a bordo pousou em Tóquio nesta quarta-feira. "Não podíamos mais circular livremente (...) O número de doentes começou a aumentar rapidamente e dava medo", disse ao desembarcar Takeo Aoyama, funcionário da siderúrgica Nippon Steel.
Na falta de um marco legal, as autoridades japonesas não poderão colocar em quarentena os repatriados e lhes pediram que fiquem em casa durante duas semanas.
Um avião enviado pelos Estados Unidos pousou em uma base militar da Califórnia nesta quarta-feira também com 200 pessoas a bordo, entre elas pessoal do consulado local. Os evacuados foram recebidos por funcionários com trajes de proteção para risco biológico.
Enquanto isso, quase 600 cidadãos europeus querem ser repatriados da China, anunciou a Comissão Europeia, que recomendou a seu pessoal evitar viagens ao país.
Dois aviões franceses fretados pela UE repatriarão 350 europeus.
A Austrália, que também estuda uma evacuação, poderia colocar os repatriados em quarentena na Ilha Christmas, no Oceano Índico, onde normalmente aguardam os solicitantes de asilo.
Um indício da gravidade da situação é que várias companhias aéreas suspenderam nesta quarta-feira seus voos para a China continental como medida preventiva.
Iberia, British Airways, Lufthansa e a indonésia Lion Air, entre outras, anunciaram a suspensão de todos os seus voos à China continental.
O Reino Unido, assim como os Estados Unidos e a Alemanha desaconselharam seus cidadãos a viajarem à China. Londres também anunciou que isolará por 14 dias quem chegar de Wuhan.
Wuhan, onde está proibida a circulação de veículos não indispensáveis, está há dias como uma cidade-fantasma. "É o primeiro dia que saio desde que começou o isolamento, mas não tinha opção, tinha que comprar comida", disse à AFP um dos poucos pedestres nas ruas.
No restante do país, onde as festividades do Ano Novo chinês se estenderão até 2 de fevereiro, a maioria dos moradores abandonaram shoppings, cinemas e restaurantes.
Consequências esportivas e econômicas
Nesta quarta, foi adiado para o ano que vem o Mundial de Atletismo indoor, previsto para março em Nanquin. Foram suspensas as provas chinesas do Mundial de esqui alpino, previstas para fevereiro. A a seleção feminina chinesa de futebol foi posta em quarentena em um hotel de Brisbane (Austrália), onde serão disputadas as eliminatórias dos Jogos Olímpicos.
Cientistas do instituto Doherty, na Austrália, conseguiram reproduzir em laboratório o novo coronavírus, uma etapa crucial para o desenvolvimento de uma vacina, o que levaria meses.
O novo coronavírus também tem consequências econômicas.
A gigante americana Apple admitiu problemas em sua cadeia produtiva chinesa e a fabricante de automóveis japonesa Toyota anunciou que vai prorrogar por uma semana a suspensão da produção em suas três fábricas na China até 9 de fevereiro.
A multinacional sueca Ikea, que vende móveis, anunciou em Estocolmo o fechamento de metade de suas lojas no país asiático.
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