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Emir de Dubai ordenou o sequestro de duas filhas e ameaçou a esposa, segundo juiz britânico

10.dez.2019 - Mohammed bin Rashid Al-Maktoum, emir de Dubai, é acusado de ordenar o sequestro de duas de suas filhas e de realizar uma campanha de intimidação contra uma de suas esposas, a princesa Haya da Jordânia - Fayez Nureldine/AFP
10.dez.2019 - Mohammed bin Rashid Al-Maktoum, emir de Dubai, é acusado de ordenar o sequestro de duas de suas filhas e de realizar uma campanha de intimidação contra uma de suas esposas, a princesa Haya da Jordânia Imagem: Fayez Nureldine/AFP

Londres

05/03/2020 14h40

O emir de Dubai, Mohammed bin Rached al-Maktum, 70 anos, encomendou o sequestro de duas de suas filhas e realizou uma "campanha de intimidação" contra uma de suas esposas, a princesa Haya da Jordânia, o que a forçou a fugir para o exterior, considerou hoje um tribunal britânico.

Essas conclusões foram alcançadas após uma batalha legal entre Al-Maktum, que também é chefe do governo dos Emirados Árabes Unidos, e a princesa Haya, 45 anos.

Haya, que em 2004 se tornou a sexta esposa do soberano, atraiu a atenção mundial no ano passado quando chegou a Londres fugindo do marido acompanhada dos filhos.

No país, iniciou um processo contra o emir, de quem, segundo ela, se divorciou secretamente no início de 2019.

A princesa pediu ao juiz da família do Supremo Tribunal de Londres proteção contra um casamento forçado que poderia envolver uma das filhas do casal. Também pediu proteção para ela e reivindicou a custódia dos filhos.

O xeque Mohamed bin Rashid al-Maktum exige, por sua vez, o retorno de seus filhos aos Emirados.

O juiz considerou que o emir "agiu, no final de 2018, de maneira a intimidar e assustar" a princesa.

No contexto deste caso, a princesa Haya também pediu ao tribunal de Londres que se pronunciasse sobre o destino de duas filhas que o emir teve com outra de suas esposas, Shamsa e Latifa.

Segundo o magistrado, o emir "ordenou e orquestrou" o sequestro das duas.

Em uma declaração, o emir denunciou uma sentença que "se refere apenas a uma parte do caso" e "não protege (seus) filhos da atenção da mídia", pedindo que a privacidade de sua família seja respeitada.

Em março de 2018, Latifa al-Maktum, 32 anos, anunciou em uma transmissão de vídeo no YouTube que queria fugir do país.

À beira das lágrimas, ela disse que seu pai a "torturou" e "a prendeu por três anos" após uma primeira tentativa de fuga, quando era adolescente, em 2002.

Criticou um "pai que só pensa em sua própria imagem" e que "destruiu a vida de tantas pessoas".

O vídeo foi publicado porque sua segunda tentativa de fuga, em 24 de fevereiro de 2018, falhou.

O governo de Dubai quebrou seu silêncio sobre o assunto em 17 de abril de 2018, confirmando que a princesa havia sido "devolvida" a sua família e estava "bem".

Shamsa, nascida em 1981, tentou fugir do pai em 2000, quando passava férias na Inglaterra, aos 18 anos.

Segundo o relato de Latifa, a garota foi encontrada após dois meses de fuga, foi "drogada", devolvida em um jato particular e "trancada".