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Índia prorroga confinamento até 3 de maio por causa do coronavírus

Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia - Pavel Golovkin / AFP
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia Imagem: Pavel Golovkin / AFP

Nova Déli

14/04/2020 06h29

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, anunciou hoje a decisão do governo de prorrogar até 3 de maio as medidas de confinamento geral no país, com o objetivo de conter a pandemia do novo coronavírus.

O confinamento estrito de três semanas, em vigor desde 25 de março, deveria acabar à meia-noite desta terça-feira no segundo país mais populoso do planeta. Inicialmente a medida foi declarada por três semanas.

Mas diante da aceleração do número de casos de covid-19 em todo o país, vários estados haviam solicitado ao governo central uma extensão da medida.

"Do ponto de vista econômico, pagamos um preço elevado. Mas as vidas do povo indiano são muito mais valiosas", disse Modi.

A Índia registra 10.363 casos confirmados e 339 mortes provocadas pela pandemia, de acordo com o balanço oficial divulgado hoje.

Os números são provavelmente inferiores aos reais, levando em consideração o número reduzido de testes no país.

O chefe de Governo, que iniciou o discurso com um lenço na boca e depois o colocou no pescoço, elogiou o fato de o país ter decretado o confinamento, apesar do número relativamente pequeno de casos em seu território.

Se não tivesse tomado esta decisão, "a situação da Índia teria sido diferente. A experiência dos últimos dias deixa claro que o caminho que escolhemos é o correto", declarou.

As atividades no gigante do sul da Ásia estão suspensas desde o fim de março, com os transportes públicos paralisados e as fronteiras entre os estados fechadas.

O confinamento deixou milhares de caminhões parados nas estradas indianas e os funcionários de setores essenciais da economia não podem seguir para o trabalho.

A perturbação das redes de abastecimento provoca dificuldades para o comércio de alimentos.

A paralisação das atividades representa um golpe muito duro para os indianos mais pobres, que vivem com o que ganham a cada dia.

Milhões de trabalhadores temporários ficaram sem renda e precisaram retornar a pé para suas cidades, em alguns casos em viagens de centenas de quilômetros.

Sem recursos, muitos indianos dependem da distribuição de alimentos, por parte do governo ou de organizações de caridade, para sobreviver.

A partir de 20 de abril, os distritos menos afetados poderão adotar medidas menos estritas de confinamento para retomar parte das atividades, afirmou Narendra Modi em seu discurso.

O governo deve anunciar amanhã novas regras de funcionamento para setores essenciais como indústria e agricultura.

Os analistas esperam um crescimento de entre 1,5 e 2% em 2020 na Índia, contra os 8% anuais que o país precisa para absorver um milhão de jovens que entram a cada 12 meses em seu mercado de trabalho.

O presidente do Banco Central da Índia, Shaktikanta Das, chamou o coronavírus de "assassino invisível", que poderia dinamitar a economia.

Uma associação de empresas do setor de restaurantes, um setor que emprega milhões de pessoas em todo o país, alertou para a possibilidade de "distúrbios sociais" caso o governo não conceda ajudas financeiras.