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Brasil recomenda uso da cloroquina para tratar casos leves de COVID-19

20/05/2020 11h50

Brasília, 20 Mai 2020 (AFP) - O Ministério da Saúde ampliou, nesta quarta-feira (20), sua recomendação do uso de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com sintomas leves do novo coronavírus, respondendo a uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro, apesar da falta de evidências conclusivas sobre sua eficácia.

A prescrição do medicamento, usado para tratar outras doenças como a malária e que até agora era recomendada apenas em casos graves de COVID-19 devido à falta de estudos sobre sua eficácia, será "a critério do médico" e com a autorização do paciente, conforme o protocolo divulgado pelo ministério.

Ambos os remédios são usados há décadas para tratar a malária e doenças auto-imunes como lúpus e artrite reumatoide.

"Apesar de serem medicamentos usados em vários protocolos e terem demonstrado atividade in vitro contra o coronavírus", ainda não existem análises clínicas robustas "que provem o benefício inequívoco" no tratamento dos pacientes com COVID-19 e, portanto, cada médico deverá avaliar sua prescrição, ressalta o ministério da Saúde.

A cloroquina e a hidroxicloroquina - um derivado da cloroquina com menos efeitos adversos - "podem causar efeitos colaterais, como redução de glóbulos brancos, disfunção hepática, disfunção cardíaca e arritmias e distúrbios visuais por danos na retina", detalha o documento de consentimento que deve ser assinado pelos pacientes para autorizar o tratamento.

Bolsonaro, que descreveu a doença como uma "gripezinha", defende desde o início a ampliação do uso da cloroquina no tratamento de todos os pacientes, apesar da falta de evidências científicas sobre sua eficácia e de seus efeitos adversos conhecidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou esta semana que está tomando comprimidos de hidroxicloroquina preventivamente.

A pressão de Bolsonaro para expandir o uso da droga é apontada como a principal causa da renúncia do último ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich, que ocupou o cargo por menos de um mês após a saída de seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, também devido a desacordos com o presidente sobre a gestão da crise.

O Brasil, o país mais afetado pelo novo coronavírus na América Latina, atingiu um novo recorde na terça-feira, registrando 1.179 mortes por COVID-19 em 24 horas. O saldo total é de 17.971 mortos e 271.628 infecções, embora especialistas apontem que esse número pode ser até 15 vezes maior devido à falta de testes.

mel/lda/mr/cc