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Pressionadas por Trump, autoridades de saúde incentivam abertura de escolas nos EUA

24/07/2020 19h01

Washington, 24 Jul 2020 (AFP) - A agência federal de saúde pública dos Estados Unidos atualizou sua recomendação para as escolas e se mostrou favorável ao retorno dos alunos às salas de aula. A mudança de posicionamento se deu após um pedido direto da Casa Branca.

Milhares de distritos escolares estão em pleno debate sobre abrir por completo ou reduzir a frequência pela metade após o verão americano, em um momento em que a transmissão do coronavírus é tão prevalente que em 15 dias o país registrou um milhão de novos casos.

Em um Estados Unidos polarizado e focado nas eleições de novembro, a questão tem sido altamente politizada desde que o presidente Donald Trump pediu a reabertura total.

"Não se pode impedir em definitivo 50 milhões de crianças de frequentar a escola", disse ele em entrevista coletiva. Trump também ameaçou por diversas vezes reter fundos de instituições de ensino que se recusam a reabrir.

Várias cidades estão tendendo a um retorno virtual às aulas, como Houston e Los Angeles, enquanto Nova York optou por um modelo híbrido. Nos subúrbios de Washington, o Condado de Montgomery decidiu que os estudantes não encontrarão seus colegas de classe até 29 de janeiro.

De qualquer forma, a reabertura não será completa como deseja o presidente.

- Atualização de recomendações -"Devemos isso aos filhos de nossa nação, eles devem assumir a responsabilidade pessoal de fazer tudo que for possível para reduzir os níveis de COVID-19, para que possam retornar à escola com segurança", disse na sexta-feira Robert Redfield, chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

O órgão havia emitido inicialmente alertas sobre os riscos de uma volta precoce às salas de aula, mas em 8 de julho o presidente anunciou que iria revisar suas diretrizes.

Em atualização divulgada na quinta-feira, o CDC destacou "a importância de reabrir as escolas no outono", afirmando que as máscaras faciais e o distanciamento social são indispensáveis. A agência alertou que retornar às aulas presenciais não é uma boa ideia em caso de circulação ativa do vírus.

Para especialistas, as crianças correm baixo risco de ter uma versão grave da doença. Eles destacaram os prejuízos sociais, emocionais, econômicos e acadêmicos do fechamento de escolas.

No documento, citam uma pesquisa da Universidade de Washington que aponta que as instituições estão mal preparadas para o ensino à distância e que essa medida aumentaria as desigualdades entre ricos e pobres.

"É improvável que as crianças sejam vetores importantes da propagação do vírus", concluíram os estudiosos do CDC.

O especialista em doenças infecciosas Anthony Fauci mostrou mais cautela ao abordar o tema, afirmando que "deveríamos começar a ter um pouco de humildade e dizer: 'Não temos todas as respostas'".

Em uma videoconferência organizada pelo Centro de Estudos Estratégicos Internacionais, Fauci indicou que são necessárias mais pesquisas, particularmente sobre a facilidade de contágio das crianças em comparação aos adultos. Segundo ele, os Institutos Nacionais de Saúde estão estudando esse ponto e esperam obter resultados até dezembro.

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