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Da Lituânia, líder da oposição bielorrussa pede para manter a pressão nas ruas

31.jul.2020 - Svetlana Tikhanóvskaya em campanha para a presidência em Minsk, em Belarus - 31.jul.2020 - Sergei Gabon/AFP
31.jul.2020 - Svetlana Tikhanóvskaya em campanha para a presidência em Minsk, em Belarus Imagem: 31.jul.2020 - Sergei Gabon/AFP

22/08/2020 16h30

Vilnius, 22 Ago 2020 (AFP) - A líder da oposição bielorrussa Svetlana Tijanóvskaya pede a seus compatriotas que mantenham a pressão nas ruas contra o regime, que "não tem outra opção" a não ser negociar, em entrevista à AFP.

Os bielorrussos perderam o medo e a decisão do presidente Alexander Lukashenko de apelar ao exército para "defender a integridade territorial" é apenas "uma manobra dispersiva", diz ela.

"Estou muito orgulhosa porque depois de 26 anos de medo [os bielorrussos] estão prontos para defender seus direitos", explicou na entrevista concedida neste sábado (22) em Vilnius, onde está em exílio após as eleições presidenciais de 9 de agosto, que ela acredita ter vencido.

"Peço que continuem, não parem, porque é muito importante permanecermos unidos na luta por nossos direitos", afirmou.

A oposição pediu a seus seguidores uma demonstração massiva neste domingo.

Lukashenko é o líder europeu que está no poder continuamente há mais tempo, em um país que passou ininterruptamente do domínio soviético para um regime rigidamente controlado.

Aqueles que detêm o poder em Belarus "têm que compreender que não somos um movimento de protesto. Somos o povo, somos a maioria e não nos renderemos. Já não temos medo deles", avisou Tijanóvskaya

Lukashenko 'não tem outra opção'

A ex-professora de inglês de 37 anos e nova na política, Tijanóvskaya entrou na arriscada corrida presidencial poucas semanas antes da data das eleições, depois que seu marido, um conhecido blogueiro, não conseguiu registrar sua candidatura.

Tijanóvskaya não quer explicar por que decidiu deixar Belarus, exceto que o fez com os filhos em mente.

Seus seguidores afirmam que a pressão do regime foi muito forte. O governo tem de convocar novas eleições, livres e justas, disse ela, mas garantiu que não tem planos de concorrer novamente.

Tijanóvskaya nomeou um Conselho de Coordenação para negociar uma transição "pacífica". O regime respondeu abrindo uma investigação sobre seus membros.

Apesar da incerteza, Tijanóvskaya garante que Lukashenko "não tem outra opção" a não ser negociar com a oposição. Esse diálogo, porém, tem que começar o mais rápido possível "para que a crise não piore".

Lukashenko, que ainda tem o apoio da Rússia, garante que a oposição é financiada pelos países ocidentais.

Sua decisão de pedir ao Exército que "garanta a integridade territorial" é "apenas uma manobra dispersiva para que não prestemos atenção aos nossos problemas internos, porque o que está acontecendo no momento em Belarus é problema nosso".

A União Europeia rejeitou os resultados das eleições e anunciou novas sanções, enquanto os Estados Unidos anunciaram um enviado especial à Lituânia e à Rússia na próxima semana.

A Rússia expressou apoio com cautela a Lukashenko por enquanto. "É muito importante para o povo bielorrusso que outros países mostrem seu apoio."

"Ficamos muito felizes em receber qualquer ajuda (...) mas temos que insistir no respeito à soberania do nosso país", afirmou.