Até 115 milhões de pessoas podem cair na extrema pobreza em 2020, segundo Banco Mundial
Washington, 8 Out 2020 (AFP) - O Banco Mundial (BM) reduziu nesta quarta-feira (7) suas perspectivas sobre o efeito da pandemia e anunciou que até 115 milhões de pessoas poderão cair na extrema pobreza este ano devido à crise ocasionada pela covid-19.
Para o Banco Mundial, a pobreza extrema - definida como aquela que vive com menos de US$ 1,9 por dia - pode aumentar, atingindo de 88 milhões a 115 milhões de pessoas no mundo, caso a previsão mais negativa se confirme.
"Em 2020, projeta-se que a pobreza extrema global aumente pela primeira vez em mais de 20 anos como resultado das dificuldades causadas pela pandemia da covid-19", alertaram os economistas da instituição.
As previsões do Banco, com sede em Washington, têm piorado à medida que a pandemia avança e sua duração se prolonga. Desde que foi detectado na China em dezembro, o novo coronavírus matou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo e atingiu fortemente a economia global.
O Banco Mundial estima que a economia tenha uma retração de 5,2% em 2020, a maior queda do PIB em 80 anos.
Em maio, no pior cenário previsto, os economistas estimaram que 60 milhões de pessoas poderiam chegar à extrema pobreza. Já em agosto, a previsão mais pessimista elevou o número para 100 milhões dos que entrariam na condição de miséria.
Se as piores previsões se confirmarem, em 2021 quase 150 milhões de pessoas em todo o mundo podem cair na pobreza extrema.
Sem o impacto da pandemia, os especialistas esperavam que a taxa global de extrema pobreza caísse de 9,2% em 2017 para 7,9% este ano.
Essa condição "provavelmente afetará entre 9,1% e 9,4% da população mundial em 2020", ressaltou o Banco. O presidente do Banco Mundial, David Malpass, também indicou que "evidências preliminares indicam que a crise vai aumentar as desigualdades no mundo".
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, informou, ainda, que "as evidências preliminares indicam que a crise vai aumentar as iniquidades no mundo".
O economista Samuel Freije-Rodriguez - um dos autores do estudo - explicou à AFP que uma pessoa neste nível de pobreza acesso o "mínimo em termos de subsistência".
"Na vida real, isto implica muito pouco acesso a serviços públicos, como eletricidade, calefação ou saneamento", acrescentou o especialista do banco.
- Mais de 4,7 milhões de novas pessoas em condição de pobreza na América Latina -No pior cenário, o estudo projeta que a região do Sul da Ásia será a mais atingida, com quase 57 milhões de pessoas levadas à pobreza, seguida pela África Subsaariana, com 40 milhões.
Na perspectiva mais adversa, na América Latina - região onde vivem mais de 650 milhões de pessoas - a taxa de extrema pobreza passaria de 3,9% em 2017 para 4,4% no final deste ano, e atingiria um total de 28,6 milhões de pessoas.
Sem a pandemia, especialistas do Banco com sede em Washington previram que a taxa de pobreza na região cairia para 3,7%, afetando 23,9 milhões de latino-americanos.
Se a previsão se confirmar, isso significa que a pandemia teria levado 4,7 milhões de latino-americanos para a condição de extrema pobreza em 2020.
De acordo com a pesquisa, a diminuição da renda durante a pandemia resultou rapidamente na diminuição do consumo.
"Em sete países da América Latina e do Caribe, 40% ou mais da população relatou que ficou sem alimentos durante o confinamento", afirmaram os economistas.
Caso se confirme a pior previsão para 2021, o nível de miséria subiria para 4,5% entre os latino-americanos, ou seja, um total de 29,1 milhões de pessoas ficariam na condição de extrema pobreza.
Segundo projeções do Banco Mundial, a extrema pobreza afetará cada vez mais os habitantes das áreas urbanas do mundo. Trata-se de uma novidade, já que a pobreza tradicionalmente afetou mais as áreas rurais.
"A magnitude desse efeito ainda é altamente incerta, mas está claro que a pandemia vai levar ao primeiro aumento da pobreza global desde 1998", observaram os economistas.
Especialistas do Banco Mundial alertaram que os níveis de pobreza serão maiores do que em 1997, já que "o aumento da pobreza é maior em termos absolutos, mas também em termos relativos".
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