Biden deve deixar a Justiça seguir seu curso com Trump
Genebra, 13 Jan 2021 (AFP) - O presidente eleito Joe Biden deve deixar a Justiça dos Estados Unidos seguir seu curso em relação a Donald Trump, defendeu a ONG Human Rights Watch (HRW), acrescentando que qualquer tentativa do novo presidente de virar a página para unificar o país seria "um erro enorme".
"Biden deve permitir que promotores profissionais avancem e levem à Justiça os crimes que foram cometidos", disse nesta quarta-feira(13) Kenneth Roth, diretor-geral da ONG internacional de direitos humanos em entrevista à AFP, pouco antes de apresentar seu relatório anual.
O relatório é divulgado uma semana depois que o Capitólio dos Estados Unidos, a sede do Parlamento federal, foi invadido por partidários de Trump após um discurso inflamado do presidente cessante. O ataque causou cinco mortes e chocou o mundo.
A oposição democrata iniciou outro procedimento de impeachment contra Trump.
Roth, por sua vez, apela à administração do presidente eleito Biden, que começa seu mandato em 20 de janeiro, a permitir que promotores independentes processem Trump por outras possíveis violações da lei.
"Totalmente inaceitável"
"Vimos Trump pronto para pisotear a democracia de diferentes maneiras" ao longo de sua presidência, disse ele, em sua casa em Genebra.
"É crucial que os Estados Unidos se levantem e digam: Este comportamento desprezível é totalmente inaceitável."
Ele insiste que, Joe Biden, ao ocupar a Casa Branca, deve evitar a todo custo "repetir o erro cometido por Obama (ex-presidente Barack) de querer olhar para o futuro e ignorar o passado".
Obama renunciou a processar seu antecessor George W. Bush, cujo governo legalizou a tortura argumentando a luta contra o terrorismo, após os ataques de 11 de setembro de 2001.
Mas no caso atual "seria um grande erro", porque "o que Trump realmente tentou fazer foi aniquilar a ideia de que o presidente não está acima da lei".
"Devemos reafirmar a preponderância do Estado de Direito e isso significa permitir que promotores profissionais examinem as evidências para processar Trump por crimes que ele possa ter cometido", disse ele.
Como Jimmy Carter
Roth, que preside a HRW há quase três décadas, considera que o governo Trump foi um "desastre" para os direitos humanos e Biden terá que fazer mais do que reparar os danos.
"Ele terá que encontrar formas de fortalecer os direitos humanos na política americana" para evitar que outra recaída. Internacionalmente, os Estados Unidos perderam credibilidade sobre seu compromisso com os direitos humanos", observa ele.
Ele incentiva Biden - um entusiasta da política internacional - a se inspirar no ex-presidente Jimmy Carter (1977-1981), que introduziu os direitos humanos como um princípio na política externa americana.
Isso significaria, por exemplo, retirar a ajuda militar a "regimes abusivos como a Arábia Saudita, Egito ou Israel".
"Ao mostrar que isso é uma questão de princípios, Biden pode conter a tentação de um futuro presidente de questionar seus compromissos", acredita Roth.
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