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Chefe da OMS pede aos países ricos que compartilhem vacinas com os pobres

O chefe da OMS lembrou que os países desfavorecidos precisaram de "10 anos" para ter acesso aos medicamentos para o HIV - Amanda Perobelli/Reuters
O chefe da OMS lembrou que os países desfavorecidos precisaram de "10 anos" para ter acesso aos medicamentos para o HIV Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

29/01/2021 17h05

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta sexta-feira (29) que evitem repetir os erros do passado com a pandemia do covid-19 e não deixem os países pobres esperando até que os ricos vacinem suas populações.

"Se mantivermos as vacinas para nós mesmos e não as compartilharmos, haverá três problemas principais: um, uma falha moral catastrófica; dois, que permitirá que a pandemia continue causando estragos; e três, uma recuperação econômica muito lenta", advertiu Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"Portanto, é um erro moral, não vai ajudar a deter a pandemia e não vai devolver os meios para ganhar a vida. É isso que queremos? Depende de nós!", pediu o diretor geral em coletiva de imprensa.

O chefe da OMS lembrou que os países desfavorecidos precisam de "10 anos" para ter acesso aos medicamentos para o HIV e, para a epidemia de H1N1, os mais pobres têm acesso à vacina "mas depois que a epidemia acabou".

Ele alertou novamente contra o nacionalismo no fornecimento de vacinas, explicando que hoje o mundo "é uma aldeia global" e que até que as vacinas tenham possibilitado conter a pandemia em todos os lugares, ninguém estará seguro.

As declarações do chefe da OMS surgem em um contexto de escassez de algumas das vacinas mais eficazes do mercado, para desgosto dos países ricos, que tiveram que interromper ou mesmo suspender suas campanhas de vacinação, causando mal-estar à população.

Sob forte pressão, a União Europeia anunciou nesta sexta-feira a adoção de um mecanismo de controle da exportação fora de sua zona de vacinas contra a covid-19 produzido em seu território, para evitar o escoamento de doses destinadas aos europeus.

Essa decisão foi criticada pela OMS. "É uma tendência muito preocupante", denunciou a Dra. Mariangela Simão, subdiretora-geral da OMS responsável pelo acesso a medicamentos e produtos de saúde.