Topo

Esse conteúdo é antigo

Líder do grupo extremista Proud Boys era informante da polícia americana

17.ago.2019 - O líder do grupo de extrema direita americano "Proud Boys" Enrique Tarrio - John Rudoff/AFP
17.ago.2019 - O líder do grupo de extrema direita americano "Proud Boys" Enrique Tarrio Imagem: John Rudoff/AFP

29/01/2021 16h13

O cubano-americano Enrique Tarrio, líder do grupo de extrema-direita Proud Boys, que participou do ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, colaborou com a polícia e o FBI em troca da redução de uma sentença por fraude, mostram os registros do tribunal.

O caso remonta a 2012, quando Tarrio foi preso e acusado de seis acusações de fraude vinculadas ao furto e revenda de tiras de teste para diabéticos, junto com outros dois colaboradores. Um ano depois, ele foi declarado culpado de quatro acusações.

Porém, desde então, "ele tem colaborado significativamente", afirmou a promotora Vanessa Johannes em uma audiência em Miami, em 2014. Naquela época, se discutia sobre uma moção para reduzir a pena de Tarrio, que inicialmente poderia chegar a 10 anos de prisão.

A revelação é curiosa porque mostra que uma pessoa vigiada de perto pelas autoridades por suas ligações com o extremismo de extrema-direita e participação em manifestações violentas, no passado colaborou generosamente com essas mesmas autoridades.

Membros dos Proud Boys participaram da invasão do Congresso em 6 de janeiro, embora Tarrio tenha sido preso dois dias antes em Washington por queimar uma bandeira do Black Lives Matter, o movimento anti-racista. Ele tinha com ele dois rifles de assalto e munições.

Na transcrição da audiência de 2014, obtida pela AFP esta semana, o promotor detalha que a colaboração de Tarrio com a polícia e o FBI levou ao julgamento de 13 pessoas.

Seu advogado na época, Jeffrey Feiler, observou ainda que seu cliente ajudou a encontrar contrabandistas de esteroides e entorpecentes, estufas de maconha e encontrar traficantes de seres humanos, embora nem todos seus auxílios tenham resultado em prisões.

Este último caso envolveu um grupo que trouxe imigrantes para os Estados Unidos. "Ele se reuniu e negociou o pagamento de US$ 11.000 a membros da gangue para trazer parentes fictícios seus de outro país", afirmou Feiler, segundo a transcrição.

O texto não esclarece se essa "gangue" trouxe pessoas de Cuba em particular, considerando a origem cubana do próprio Tarrio, natural de Miami. O advogado não respondeu à AFP a esse respeito.