Jornalista afegão é morto após ameaça do Talibã à imprensa
Um proeminente jornalista afegão foi morto hoje na cidade de Kandahar, no sul do Afeganistão, um dia após o Talibã fazer uma ameaça velada à imprensa, informou uma fonte policial local.
O jornalista Nemat Rawan foi até o mês passado apresentador de um popular talk show na Tolo News, a maior rede privada de notícias do país. Em seguida, ingressou no serviço de comunicação do Ministério das Finanças.
"(Ele) foi assassinado por homens armados desconhecidos", declarou à AFP o porta-voz da polícia de Kandahar, Jamal Nasir Barekzai.
"É comovente saber que meu amigo e ex-colega de trabalho Nemat Rawan foi morto a tiros hoje em Kandahar", tuitou Lotfullah Najafizada, diretor da Tolo News.
O ataque não foi reivindicado, mas as autoridades acusaram o Talibã de ser responsável por várias mortes de jornalistas nos últimos meses.
Ontem, um porta-voz do Talibã advertiu que os jornalistas que fizessem uma "cobertura tendenciosa" das informações seriam "responsabilizados".
Abdullah Abdullah, presidente do Conselho Superior para a Reconciliação Nacional, condenou nesta quinta-feira a ameaça feita pelo Talibã e "qualquer tentativa de silenciar os jornalistas afegãos".
Os assassinatos de jornalistas, juízes, médicos, figuras políticas e religiosas e defensores dos direitos humanos aumentaram nos últimos meses no país.
Esses crimes semearam o terror e levaram membros da sociedade civil a se esconderem ou se exilarem.
Essa onda de assassinatos coincidiu com a abertura, em setembro, em Doha, de negociações de paz entre o Talibã e o governo afegão, destinadas a encerrar duas décadas de guerra.
No momento atual, essas negociações estão paralisadas. Enquanto isso, os Estados Unidos anunciaram em abril a retirada total de seus 2.500 soldados restantes do Afeganistão até 11 de setembro, 20º aniversário dos ataques de 2001.
Pelo menos 11 jornalistas afegãos foram mortos em 2020, e quatro já foram assassinados este ano, de acordo com um relatório recente da Anistia Internacional.
No início de março, três mulheres empregadas pelo canal de televisão Enekaas TV foram assassinadas em Jalalabad (leste). A operação foi reivindicada pelo grupo EI (Estado Islâmico).
Quase mil pessoas que trabalham para a mídia afegã deixaram seus empregos nos últimos seis meses, de acordo com um comitê de defesa dos jornalistas.
O Afeganistão é o 122º entre 180 países no ranking mundial de liberdade de imprensa de 2021, compilado pela organização Repórteres Sem Fronteiras.
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