Lula e FHC, adversários históricos, se unem contra Bolsonaro
Rio de Janeiro, 21 Mai 2021 (AFP) - Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, que se enfrentaram durante décadas, compartilharam sua preocupação com os rumos do governo de Jair Bolsonaro e sua gestão da pandemia durante uma reunião em São Paulo, informou nesta sexta-feira (21) Lula, que se posiciona como o principal concorrente do atual presidente nas eleições de 2022.
Lula e FHC tiveram na semana passada "uma longa conversa sobre o Brasil, sobre nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia" que já deixou quase 450 mil mortos no pais, escreveu no Twitter o fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) de 75 anos.
O Instituto Lula publicou uma foto dos dois ex-presidentes usando máscaras e se cumprimentando com os punhos fechados.
A oposição entre o sociólogo centrista Fernando Henrique (1995-2002) e o sindicalista de esquerda Lula (2003-2010) consolidou a democracia após os turbulentos anos posteriores à ditadura militar (1964-85).
Lula, 75 anos, recuperou recentemente seus direitos políticos após a anulação de suas condenações por corrupção, uma das quais o deixou preso por quase 18 meses entre 2018 e 2019.
As pesquisas recentes lhe dão uma ampla vantagem em relação a Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022, que se anunciam como as mais polarizadas da história do país.
Bolsonaro enfrenta uma queda de sua popularidade. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado investiga sua responsabilidade pelo atraso na vacinação e seus gestos de desafio às medidas de isolamento social recomendadas para conter a pandemia do coronavírus.
Nas últimas semanas, Bolsonaro tentou mobilizar suas bases em atos que visaram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
Nesta sexta-feira, reagiu rapidamente à notícia do encontro entre Lula e FHC.
"Falando em política, para o ano que vem já existe uma chapa presidencial formada: um ladrão candidato à presidência e um vagabundo como vice", afirmou ironicamente.
Bolsonaro, um ex-capitão do Exército, afirmou em 1999 que a ditadura deveria ter "matado cerca de 30 mil pessoas, a começar pelo presidente FHC".
- FHC: "sem terceira via, voto em Lula" - FHC, que derrotou Lula em duas eleições, disse na semana passada que se tivesse que escolher entre Bolsonaro e Lula votaria no líder de esquerda.
"Não sei se representa o futuro do Brasil, mas Bolsonaro representa um futuro que não tem meu entusiasmo. Se não houver uma terceira via significativa, vou de Lula", declarou FHC, considerado o pai da estabilização econômica do Brasil graças ao plano Real, de 1994, que conteve a hiperinflação.
Fernando Henrique revelou recentemente que anulou seu voto nas eleições de 2018 para evitar a opção entre Bolsonaro e Fernando Haddad, herdeiro político de Lula.
Desde que Lula chegou ao poder em 2003, não há registros de encontros políticos entre ambos. A última vez que se viram foi em fevereiro de 2017, quando FHC visitou Lula no hospital onde estava internada sua esposa, Marisa Letícia, que morreu após sofrer um AVC.
Lula multiplicou nas últimas semanas seus contatos com dirigentes de esquerda e de centro, sem se declarar oficialmente candidato.
"Se [em 2022] eu for o melhor colocado para vencer e estiver com boa saúde, então sim, não vou hesitar", disse Lula em entrevista publicada esta semana pela revista francesa Paris-Match.
Na série de tuítes desta sexta-feira, ele escreveu: "sempre digo que é prematuro analisar pesquisas. (...) Quem vai derrotar o Bolsonaro não é Lula. É o povo brasileiro".
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