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Juízes haitianos se recusam a investigar o assassinato do presidente Jovenel Moise

Funeral do presidente assasinado do Haiti, Jovenel Moise, em julho - Valerie Baeriswyl/ AFP
Funeral do presidente assasinado do Haiti, Jovenel Moise, em julho Imagem: Valerie Baeriswyl/ AFP

07/08/2021 13h19

Porto Príncipe - Até este sábado (7), a Justiça haitiana ainda não havia iniciado sua investigação sobre o assassinato do presidente Jovenel Moise por um comando armado, um mês após o crime que mergulhou o país em uma nova crise.

O decano da Suprema Corte luta para encontrar um juiz disposto a assumir o caso.

"É uma questão delicada e política. Antes de aceitar investigar o assunto, o juiz pensa na segurança dele e de sua família. Por isso os magistrados de instrução não estão muito entusiasmados com a ideia de aceitar o caso", disse um deles à AFP.

"Vários juízes de instrução já informaram ao decano do tribunal de primeira instância em Porto Príncipe que não têm interesse em trabalhar no caso", acrescentou a fonte judicial.

Para tranquilizar seus magistrados, o decano do tribunal, Bernard Saint-Vil, afirma ter exigido que o governo garanta a proteção do juíz que atuar no caso.

"Solicitamos agentes de segurança para o juiz. Antes mesmo de dizer a qual juiz confiaríamos o caso, esses meios deveriam ser disponibilizados", disse à imprensa Saint-Vil.

Na quarta-feira, ele havia anunciado que na quinta seria divulgado o nome do magistrado que assumiria o processo de assassinato do presidente. Porém, devido à relutância dos juízes de instrução, esse prazo não pôde ser cumprido.

A polícia assegura que já prendeu 44 pessoas, incluindo 12 policiais haitianos, 18 cidadãos colombianos e dois americanos de origem haitiana pelo crime, cometido em 7 de julho, quando um comando armado invadiu a casa do presidente, o matou e feriu sua esposa.

Além disso, a polícia nacional emitiu notificações de busca contra vários outros indivíduos, incluindo um juiz do Tribunal de Cassação, o mais alto órgão judicial do país, um ex-senador e um empresário.

Antes de transmitir o processo ao gabinete de investigação, a promotoria de Porto Príncipe emitiu vários mandados de prisão contra um funcionário de um partido político da oposição, o presidente do partido de Moise e dois pastores haitianos que haviam expressado publicamente sua oposição ao falecido presidente.