Venezuela e Cuba trocam farpas durante reunião da Celac
Cidade do México, México, 18 Set 2021 (AFP) - Venezuela e Cuba foram um dos pontos de atrito durante a reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) realizada neste sábado no México, onde os presidentes do Paraguai e Uruguai questionaram a legitimidade democrática de seus pares Nicolás Maduro e Miguel-Díaz-Canel.
As farpas durante a reunião começaram quando o presidente do Paraguai, Mario Benítez, insistiu em não reconhecer como seu par Nicolás Maduro, sentado a poucos metros.
"Digo ao presidente do Paraguai: decida você a data, o lugar e a hora para um debate sobre a democracia no Paraguai, na Venezuela e na América Latina! (...) Decida você, presidente Lacalle (do Uruguai), a data e o lugar!", expressou Maduro no plenário.
O Paraguai rompeu relações com Caracas após reconhecer o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. "Minha presença nesta cúpula em nenhum sentido ou circunstância representa um reconhecimento ao governo do senhor Nicolás Maduro", assinalou Benítez.
O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, afirmou que participar da reunião não significava ser "complacente" com países onde "não existe uma democracia plena (...), que usam o aparato repressivo para silenciar os protestos, enquanto prendem os opositores. Vemos com gravidade o que acontece em Cuba, na Nicarágua e na Venezuela", destacou aos colegas sobre as denúncias de violações dos direitos humanos nesses países.
Maduro convidou os países da região a testemunhar as eleições para governador e prefeito que serão realizadas em 21 de novembro, das quais a oposição participará depois de três anos de boicote eleitoral. "Vamos! (...), vejam como o ditador Maduro convoca a eleição número 29 (...), toda a oposição se inscreveu. Bem-vindos e que ganhe quem tiver que ganhar", disse o líder socialista.
Guaidó é reconhecido como presidente interino por cinquenta países, liderados pelos Estados Unidos, embora Maduro mantenha o controle da Venezuela, com o apoio dos militares e de Cuba, Rússia e China.
- 'Mau gosto musical' -
Díaz-Canel respondeu após as intervenções: "A menção a Cuba feita pelo presidente Lacalle Pou mostra o seu desconhecimento da realidade", afirmou o presidente, acusando o uruguaio de adotar um "pacote neoliberal" em seu país.
"Felizmente, em meu país a oposição tem recursos democráticos para reclamar. Essa é a grande diferença em relação ao regime cubano", revidou Lacalle Pou, lendo um trecho da canção "Patria y Vida", hino dos protestos de julho em Cuba, que deixaram um morto, dezenas de feridos e centenas de detidos.
"Parece que o presidente Lacalle tem um mau gosto musical. Essa canção é uma mentira e uma construção de alguns artistas contra a revolução cubana", respondeu Díaz-Canel.
Argentina e Nicarágua também trocaram farpas, depois que o chanceler nicaraguense, Denis Moncada, acusou o governo de Alberto Fernández de ter se tornado "um instrumento do imperialismo norte-americano". O vice-chanceler argentino, Juan Valle Raleigh, afirmou que a acusação se baseia em informações falsas, embora tenha reconhecido que seu país apóia os relatórios da ONU sobre as violações dos direitos humanos na Nicarágua.
- Desafios sanitários e ecológicos -
Na sessão plenária, vários líderes defenderam o acesso equitativo às vacinas contra a Covid-19 e a liberação de patentes, bem como a criação de um fundo regional para o enfrentamento de desastres derivados das mudanças climáticas.
"Se a tecnologia não for compartilhada, não alcançaremos o objetivo de imunização e a pandemia acabará levando mais vidas", alertou Luis Arce, presidente da Bolívia. Já o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse que seria um gesto de boa vontade dos Estados Unidos "conceder vacinas" a países da região sem recursos para adquiri-las.
O presidente guatemalteco, Alejandro Giammattei, anunciou que na próxima Assembleia Geral da ONU pedirá que a América Central seja declarada "altamente vulnerável" às mudanças climáticas, após vários furacões terem devastado a região.
Formada por 33 países, a Celac surgiu em 2011, com o impulso do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez e de outros líderes de esquerda, como contrapeso à Organização dos Estados Americanos (OEA), da qual os Estados Unidos e o Canadá são membros.
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