Vídeo de 2018 mostra ponte MA-TO com buracos, rachaduras e ferragem exposta
Um vídeo produzido em abril de 2018 revela que a ponte Juscelino Kubitschek, que ligava Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), apresentava problemas estruturais graves e necessitava de uma intervenção.
Na tarde deste domingo, parte da estrutura colapsou e caiu no rio Tocantins. Caíram na água quatro caminhões, três motos, duas caminhonetes e um carro de passeio. Até a tarde desta segunda-feira (23), 15 pessoas estavam desaparecidas e uma morreu.
Nas imagens é possível ver grandes buracos no chão da pista, rachaduras em vários pontos e até vigas expostas e corroídas no local.
A reportagem foi conduzida pelo jornalista Josivaldo Salles, publicada à época no Facebook do portal Estreito em Foco, e republicada nesta segunda-feira.
O material foi produzido após denúncias de moradores e motoristas que passavam diretamente pelo local e temiam por uma tragédia.
As imagens são provas concretas de que o problema já era uma preocupação de todos os usuários da ponte, menos dos responsáveis pela avaliação e manutenção. De lá pra cá não foram realizados quaisquer serviço de reparos.
Elmodan Gregorio, professor e proprietário do Estreito em Foco
Desastre já estava acontecendo
A coluna mostrou as imagens do vídeo ao perito Marcelo Daniel Melo, presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias em Engenharia em Alagoas.
Ele explica que as corrosões mostradas no vídeo são o início de um processo de "danos maiores futuros". "Isso ocorreu em razão das infiltrações que foram acontecendo. Elas são silenciosas, mas quando aparecem, já está ocorrendo o desastre", diz.
A manutenção de obras de construção tem que ocorrer, no mínimo, a cada 5 anos. No caso dessa ponte, que já apresentava corrosões há 6 anos, era para logo ter sido feita uma manutenção geral.
Marcelo Daniel
Outro ponto que ele chama atenção é que as cargas dos caminhões no ano de 1960, quando a ponte foi construída, eram inferiores. "Não existiam carretas duplicadas transportando cargas maiores.
Hoje os caminhoneiros aumentam por conta própria o peso das cargas, sem que sejam recalculadas as pontes e viadutos. Acredito ser também um dos fatores, além da falta de manutenção da ponte.
Marcelo Daniel
Em entrevista nesta segunda-feira, o ministro dos Transportes afirmou que a pasta abriu sindicância para apurar "causas e responsabilidades". A apuração pode responder, por exemplo, se havia algum alerta para o risco de a ponte cair e por que a não interditaram.
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