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Forças ucranianas deixarão cidade estratégica do leste

24/06/2022 09h46

Kiev, Ucrânia, 24 Jun 2022 (AFP) - As forças ucranianas devem sair de Severodonetsk, anunciou nesta sexta-feira (24) uma autoridade local, o que representa um grande avanço para as tropas russas em seu objetivo de conquistar a região do Donbass.

A notícia foi anunciada poucas horas depois do apoio contundente da União Europeia (UE) à Ucrânia, com a concessão do status de país candidato, embora o processo possa demorar anos antes de Kiev integrar o bloco.

A tomada de Severodonetsk, no Donbass, se tornou um objetivo crucial dos russos, depois que suas tropas foram obrigadas a abandonar Kiev no início da invasão, que completa quatro meses nesta sexta-feira.

A cidade estratégica foi cenário de combates extremamente violentos nas ruas durante semanas, nos quais os ucranianos tentaram superar a desvantagem bélica com uma forte resistência

Mas nesta sexta-feira, Serguei Gaiday, governador da região de Lugansk, onde fica a cidade industrial, anunciou que as tropas devem abandonar a localidade.

"As Forças Armadas ucranianas terão que se retirar ade Severodonetsk. Receberam ordens para isto", afirmou no Telegram.

"Permanecer em posições que foram bombardeadas incessantemente durante meses não faz sentido", acrescentou.

A cidade foi "quase transformada em escombros. Todas as infraestruturas críticas foram destruídas: 90% da cidade foi danificada, 80% das casas terão que ser demolidas", disse o governador.

A conquista de Severodonetsk permitiria aos russos avançar sobre a cidade vizinha de Lysychansk, consolidando o controle da região de Lugansk e possibilitando o avanço na ofensiva pela bacia de mineração do Donbass, que desde 2014 está parcialmente sob controle dos separatistas pró-Moscou.

- Lysychansk sofre bombardeios -Gaiday informou que agora os russos avançam para Lysychansk, que também está sob cerco intenso das tropas de Moscou, que bombardeiam a cidade sem trégua.

A situação para os que permanecem em Lysychansk parece sombria.

Liliya Nesterenko contou à AFP que sua casa não tem gás, água e energia elétrica. Ela e a mãe cozinham em uma fogueira.

Um representante dos separatistas pró-Rússia afirmou que a resistência ucraniana é "inútil".

"Acredito que no ritmo que nossos soldados prosseguem, muito em breve todo o território da República Popular de Lugansk estará libertado", declarou à AFP por videochamada o tenente-coronel Andrei Marochko, porta-voz das milícias pró-Rússia.

Marochko informou no Telegram que as cidades ao redor de Zolote e Hirske, ao sul de Severodonetsk, estão sob controle russo ou das milícias vinculadas a Moscou.

O ministério da Defesa russo indicou que quase 2.000 pessoas estão "completamente bloqueadas" perto de Zolote e Hirske, e que metade de Zolote está sob controle russo.

- Mísseis contra universidade -Nos últimos dias, a Rússia também intensificou a ofensiva contra a cidade de Kharkiv, na região norte da Ucrânia.

Uma equipe da AFP ouviu fortes explosões no centro da cidade na noite de quinta-feira e durante a manhã constatou que o Instituto Politécnico foi atingido por mísseis.

No sul da Ucrânia, na cidade de Kherson, que está sob controle dos russos, um funcionário designado por Moscou faleceu em um atentado com explosivos colocados em seu carro, de acordo com as agências de notícias russas.

O governador nomeado pela Rússia para a região de Kherson, Kirill Stremousov, confirmou a identidade da vítima à agência RIA Novosti. "Sim, um dos meus funcionários morreu. Dmitri Savlushenko, ele era secretário para a Juventude e Esportes".

A Ucrânia insiste nos pedidos por mais armas e na quinta-feira o governo dos Estados Unidos anunciou uma nova ajuda militar para Kiev de 450 milhões de dólares.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu no Twitter o colega americano, Joe Biden, pela decisão.

"Este apoio é agora mais importante do que nunca", afirmou.

- Decisão histórica da UE -Na reunião de cúpula da UE em Bruxelas na quinta-feira, os líderes dos 27 países concordaram em conceder o status de candidato para Ucrânia e Moldávia, outra ex-república soviética com parte de seu território controlado por separatistas pró-Rússia.

Zelensky agradeceu o apoio, que chamou de "momento único e histórico" nas relações entre seu país e a UE.

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que decisão envia "um sinal muito forte" para a Rússia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, minimizou a importância da decisão e afirmou que este é um "assunto interno europeu".

Após a reunião de cúpula da UE, será a vez do encontro do G7 e, em seguida, acontecerá a reunião da Otan, estas duas últimas com a presença do presidente americano.

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