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Anistia acusa junta de Mianmar de uso em grande escala de minas terrestres

19/07/2022 22h06

Bangcoc, 20 Jul 2022 (AFP) - As forças da junta militar de Mianmar cometem crimes de guerra usando minas terrestres "em grande escala" em vilarejos onde enfrentam combatentes da oposição, denunciou a Anistia Internacional (AI) nesta quarta-feira (20).

A luta se acirrou após o golpe do ano passado, que provocou confrontos com grupos étnicos rebeldes e a ascensão de dezenas de "Forças de Defesa Popular" para enfrentar os militares no poder.

Durante uma visita ao estado de Kayah, perto da fronteira com a Tailândia, pesquisadores de AI entrevistaram sobreviventes de minas, médicos que os trataram e outros envolvidos na retirada das minas, disse a organização.

A AI alegou ter "informações confiáveis" de que os militares usaram minas em pelo menos 20 vilarejos, inclusive em estradas que levam a plantações de arroz, causando mortes e ferimentos de civis.

A organização também observou que documentou vários casos em que os militares colocaram minas ao redor de uma igreja e em sua propriedade.

"Os soldados colocaram minas nos quintais das pessoas, na entrada de suas casas e nas latrinas do lado de fora", alertou a AI.

"Em pelo menos um caso documentado, os soldados colocaram uma armadilha na escada de uma casa com um fio ligado a um dispositivo explosivo", continuou.

Grupos de oposição tentaram fazer uma varredura de algumas áreas, mas o trabalho é feito "à mão e com equipamentos rudimentares, sem formação profissional", acrescentou.

"Sabemos por uma experiência amarga que as mortes e ferimentos de civis aumentarão com o tempo, e a contaminação (de minas) impede que as pessoas voltem para suas casas e plantações", disse Rawya Rageh, consultor da AI.

Mianmar não é signatário do tratado da ONU que proíbe o uso, armazenamento e desenvolvimento de minas terrestres.

As forças armadas birmanesas foram acusadas de atrocidades e crimes de guerra durante décadas de conflito interno.

Após o golpe que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi no ano passado, os militares colocaram em prática uma repressão sangrenta contra os dissidentes que, segundo um grupo local de monitoramento, deixou mais de 2.000 mortos e 15.000 feridos.

bur-rma/lpm/pdw/am