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Prestes a assumir como ministro da Economia da Argentina, Massa pede consenso

Sergio Massa, presidente da Câmara dos Deputados da Argentina, foi nomeado o novo "superministro" da Economia em 28 de julho de 2022, com três cargos sob seu controle - JUAN MABROMATA / AFP
Sergio Massa, presidente da Câmara dos Deputados da Argentina, foi nomeado o novo "superministro" da Economia em 28 de julho de 2022, com três cargos sob seu controle Imagem: JUAN MABROMATA / AFP

02/08/2022 10h53

Um dia antes de assumir o cargo de ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, fez um chamado, nesta terça-feira (2), ao consenso entre forças políticas para tirar o país da profunda crise que atravessa, em seu discurso de despedida do Parlamento.

"Para além de nosso debate apaixonado e convicto, a Argentina precisa que, em alguns temas, tenhamos a humildade, a tolerância, a capacidade e a coragem de construir consensos e políticas de Estado", disse Massa na sessão especial em que renunciou como deputado pela coalizão Frente de Todos (centro-esquerda) e presidente da Câmara dos Deputados.

"Se há algo que esse lugar me ensinou é a ouvir mais do que falar, a tolerar, a conviver na diferença, a buscar acordos", declarou.

Massa, um advogado de 50 anos com longa trajetória política, assumirá na quarta-feira como "superministro" da Economia, com a união dos ministérios de Economia, Desenvolvimento Produtivo e Agricultura, Pecuária e Pesca.

Sua nomeação foi anunciada na semana passada pelo presidente Alberto Fernández, para substituir Silvina Batakis, economista de carreira no serviço público que não ficou nem um mês no cargo, enquanto o dólar disparava no mercado informal apesar de duros controles.

Na sessão desta terça, Cecilia Moreau, também da Frente de Todos e muito próxima a Massa, foi eleita a nova presidente da Câmara dos Deputados.  É a primeira mulher a ocupar esse posto na Argentina.

- Um mês frenético - 

Líder de peso na coalizão governista, Massa substitui Martín Guzmán, cuja surpreendente renúncia desencadeou um mês frenético: a já alta inflação se acentuou, o peso argentino despencou no mercado paralelo, e os títulos da dívida nacional perderam valor.

Sua nomeação, endossada pela poderosa vice-presidente Cristina Kirchner, provocou imediatamente uma forte recuperação da moeda local no mercado informal.

Assim, o dólar "blue" do mercado paralelo, depois de ser cotado a 350 pesos, um recorde, foi negociado a 291 nesta terça. No entanto, apesar da distância do câmbio oficial - 139 pesos por dólar - ter caído, ela segue sendo significativa.

Hernán Letcher, diretor do Centro de Economia Política Argentina (CEPA) afirmou à AFP que "era necessário colocar na área econômica, onde vinham ocorrendo grandes problemas, uma figura forte que, além de tudo, integrasse todas as áreas da economia". "Não me preocupa que ele não seja economista", ressaltou.

- Desafios extraordinários -

A Argentina registra um dos índices de inflação mais elevados do mundo, com 36,2% no primeiro semestre de 2022. A pobreza alcança 37% de seus 47 milhões de habitantes.

Além de melhorar esses indicadores, Massa enfrenta o desafio de aumentar as minguadas reservas internacionais disponíveis, que, segundo os analistas, estão em níveis críticos.

Também buscará reduzir o déficit fiscal, em linha com os compromissos do programa de empréstimo de 44 bilhões de dólares que o país mantém com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Espera-se que Massa anuncie suas primeiras medidas nesta quarta-feira, após tomar posse. Além disso, o novo "superministro" prepara uma viagem ainda em agosto a Estados Unidos, França e Catar para se reunir com o FMI, o Clube de Paris e investidores.

Batakis, a nova presidente do estatal Banco Nación, o acompanhará. Nas três semanas em que esteve no comando da Economia, ela se reuniu em Washington com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e afirmou que a Argentina manterá os objetivos econômicos acordados.

O país precisa reduzir o déficit fiscal de 3% do Produto Interno Bruto registrado em 2021 para 2,5% em 2022, 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024, uma tarefa difícil em um contexto de crescentes demandas sociais pela deterioração do poder de compra provocada pela inflação galopante.

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© Agence France-Presse