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Jornalista que protestou contra guerra entra na lista de procurados da Rússia

Marina Ovsyannikova, jornalista russa que protestou contra a guerra na Ucrânia, durante audiência em corte de Moscou - EVGENIA NOVOZHENINA/REUTERS
Marina Ovsyannikova, jornalista russa que protestou contra a guerra na Ucrânia, durante audiência em corte de Moscou Imagem: EVGENIA NOVOZHENINA/REUTERS

03/10/2022 12h22Atualizada em 03/10/2022 12h34

A jornalista russa Marina Ovsiannikova, que protestou contra a ofensiva na Ucrânia ao vivo na televisão estatal, entrou para lista de pessoas procuradas na Rússia, segundo uma notificação consultada nesta segunda-feira (3) pela AFP.

O site do Ministério do Interior russo indicou que Ovsiannikova, de 44 anos, é procurada por um processo criminal, sem dar detalhes.

Ela foi acusada de "divulgar informação falsa" sobre o exército russo, um crime passível de 10 anos de prisão, e está em prisão domiciliar. Sua detenção estava prevista até 9 de outubro, com a possibilidade de ser prolongada à espera de seu julgamento.

Contactado pela AFP, seu advogado, Dmitri Zakhvatov, confirmou que sua cliente está sendo buscada "porque não se encontra no local onde deveria estar até 9 de outubro". O advogado não deu mais detalhes sobre seu paradeiro, se ela estaria na Rússia ou no exterior.

Em 21 de setembro, quando a Rússia anunciou um mobilização militar parcial, apoiadores de Marina Ovsiannikova se manifestaram nas redes sociais. A jornalista afirmou que compareceu a uma audiência de seu caso, com um cartaz que dizia "NÃO À MOBILIZAÇÃO".

Em meados de março, dias depois do início da ofensiva na Ucrânia, Marina Ovsiannikova interrompeu o telejornal noturno da rede pública russa Pervy Kanal, onde trabalhava há quase 20 anos. Ao vivo, a jornalista agitou um cartaz, no qual pedia o fim dos combates e que os russos "não acreditassem na propaganda" do regime.

Por este gesto, foi brevemente detida e multada. Em seguida, deixou o país para trabalhar no jornal alemão Die Welt, mas em julho retornou à Rússia para manter a guarda de seus dois filhos menores de idade.

Apesar dos riscos, continuou criticando Moscou pela ofensiva na Ucrânia. Foi novamente detida e acusada de "divulgação de informação falsa" sobre o exército russo.

Desde o início da ofensiva na Ucrânia em 24 de fevereiro, as autoridades russas reprimem toda denúncia do conflito com multas e também processos criminais, que podem acarretar elevadas penas de prisão.