Congresso do Partido Comunista da China mostrou dirigentes "impiedosos", afirma Ai Weiwei
A retirada forçada do ex-presidente chinês Hu Jintao do congresso do Partido Comunista mostra até que ponto os dirigentes do país se tornaram "impiedosos", declarou em Tóquio o artista dissidente Ai Weiwei.
Em uma entrevista coletiva um dia após a reeleição de Xi Jinping para um terceiro mandato à frente do Partido Comunista da China, Ai Weiwei, que mora na Europa desde 2015, comentou a cena em que Hu Jintao (79 anos) foi escoltado, contra sua vontade, para fora do salão durante a cerimônia de encerramento do congresso, no sábado em Pequim.
"Parece muito com uma foto falsa da realidade, porque ninguém se move, ninguém pisca os olhos, ele é apenas forçado a sair. Mas isto mostra como os principais líderes do governo central são impiedosos", disse Ai Weiwei.
"Uma grande nação - 1,4 bilhão de pessoas - que é controlada por um grupo de pessoas que não tem nenhum respeito. Eles realmente não têm sentimentos pessoais, emoções, amizade ou se importam um pouco".
Ai Weiwei, de 65 anos e filho de um poeta venerado pelos antigos líderes comunistas, é provavelmente o artista moderno mais conhecido da China e participou na concepção do famoso estádio "Ninho de Pássaro" construído para os Jogos Olímpicos de Pequim-2008.
Mas ele caiu em desgraça ao criticar o governo chinês e passou 81 dias detido em 2011. Quatro anos depois, Weiwei se mudou para a Alemanha.
O artista afirmou que os governantes chineses "não se importam mais com a questão econômica, eles querem reinterpretar a ordem mundial".
"Não apenas a China, mas também a Rússia, (o presidente Vladimir) Putin também mencionou isto. Eles não gostam da forma como o jogo foi projetado pelo Ocidente, que também tem muitos problemas", afirmou o artista.
nf-kaf/ras/mac/pz/jvb/es/fp
© Agence France-Presse
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