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Atentado no Paquistão foi represália por ação da polícia, diz policia

Homem é socorrido após explosão em mesquita no Paquistão - 30.jan.2023 - KHURAM PARVEZ/REUTERS
Homem é socorrido após explosão em mesquita no Paquistão Imagem: 30.jan.2023 - KHURAM PARVEZ/REUTERS

31/01/2023 13h07Atualizada em 31/01/2023 13h31

O ataque a bomba que matou 100 pessoas em uma mesquita da sede da polícia em Peshawar, noroeste do Paquistão, foi uma retaliação por operações contra grupos islâmicos armados - disse o chefe da polícia local nesta terça-feira.

Quando ocorreu a explosão, na segunda-feira (30), entre 300 e 400 policiais estavam reunidos para a oração do meio-dia na mesquita, localizada dentro das dependências da polícia, uma área normalmente muito vigiada.

O governo da província de Khyber Pakhtunkhwa, da qual Peshawar é a capital, disse que o último balanço foi de 100 mortos e 221 feridos, policiais em sua grande maioria.

"Estamos na linha de frente" na luta contra os movimentos islâmicos armados "e é por isso que fomos atacados", disse à AFP o chefe da polícia de Peshawar, Muhammad Ijaz Khan.

"O objetivo é nos desmoralizar como força policial", afirmou.

Desde que o Talibã voltou ao poder em Cabul em agosto de 2021, os ataques dos insurgentes contra patrulhas policiais, bloqueios de estradas e delegacias de polícia aumentaram tanto em Peshawar - a cerca de 50 quilômetros da fronteira com o Afeganistão - quanto nas áreas tribais que cercam a cidade.

Esses ataques foram cometidos, principalmente, pelos talibãs paquistaneses do TTP (Tehreek-e-Taliban Pakistan), os quais recuperaram a liberdade de movimento com a retirada das forças americanas do Afeganistão.

Alguns ataques foram obra do EI-K, o braço regional do grupo jihadista EI (Estado Islâmico).

O chefe da polícia provincial, Moazzam Jah Ansari, disse à imprensa que um homem-bomba conseguiu entrar na mesquita carregando entre 10 e 12 quilos de "pequenos explosivos".

Segundo ele, um grupo às vezes relacionado com o TTP pode estar por trás do ataque.

"Preso sob os escombros"

Nesta terça, corpos ainda estavam sendo retirados dos escombros da mesquita, cujo teto e uma parede desabaram na explosão.

As equipes de resgate usaram câmeras e aparelhos de escuta para tentar localizar os sobreviventes.

"Fiquei preso sob os escombros com um cadáver em cima de mim durante sete horas. Perdi todas as esperanças de sobrevivência", disse à AFP Wajahat Ali, um policial de 23 anos, agora hospitalizado.

Dezenas de policiais mortos no ataque já foram enterrados em cerimônias solenes, com guardas de honra e caixões enfeitados com a bandeira do Paquistão.

O TTP, um movimento não relacionado com a atual liderança do Talibã no Afeganistão, mas com raízes comuns, negou a responsabilidade pelo ataque de segunda-feira.

Desde a sua criação em 2007, o TTP matou dezenas de milhares de civis e forças de segurança no Paquistão. Em 2014, o movimento foi expulso das áreas tribais por uma operação militar.

Um oficial de segurança local, que pediu anonimato, disse que as autoridades também estudam o possível envolvimento do grupo EI-K, de uma divisão do TTP, ou mesmo um ataque coordenado por vários grupos.

"Muitas vezes antes, grupos armados, incluindo o TTP, cometeram ataques contra mesquitas sem reivindicar responsabilidade, porque uma mesquita sunita é considerada um lugar sagrado", afirmou.

Após o ataque, Islamabad, capital do Paquistão, e o restante do país, principalmente na fronteira com o Afeganistão, ficaram em alerta máximo.

"Os terroristas querem semear o pânico, atacando aqueles que estão cumprindo seu dever de defender o Paquistão", disse o primeiro-ministro Shehbaz Sharif.