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Ucrânia bombardeia ponte entre Crimeia, anexada pela Rússia, e zona ocupada

22/06/2023 10h23

Um bombardeio ucraniano danificou, nesta quinta-feira (22), uma ponte que liga a península da Crimeia a uma região do sul da Ucrânia, parcialmente ocupada pela Rússia, no mais recente movimento de uma contraofensiva que, segundo Kiev, será longa.

A península ucraniana da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, serve como base de retaguarda para as forças russas que participam há 16 meses da invasão da ex-república soviética, especialmente para enviar reforços e manter equipamentos. Por isso, as poucas pontes que ligam as duas regiões são alvos essenciais.

"Durante a noite, um ataque atingiu a ponte de Chongar", que conecta a Crimeia à região ucraniana de Kherson, anunciou o governador russo da península, Sergei Aksyonov, acrescentando que o bombardeio não havia causado vítimas.

A ponte fica na rota mais direta entre a Crimeia e Melitopol, cidade tomada pela Rússia e localizada no sul da Ucrânia, um dos teatros da contraofensiva lançada há algumas semanas.

De acordo com a administração russa da parte ocupada na região de Kherson, as forças ucranianas usaram mísseis britânicos Storm Shadow de longo alcance para destruir a ponte, uma afirmação que não pôde ser verificada de forma independente.

As forças ucranianas "buscam intimidar os habitantes de Kherson, semear o pânico na população", disse o chefe da administração russa, que garantiu que a estrutura será reparada em "poucos dias".

Um membro da administração ucraniana em Kherson, Yuri Sobolevsky, afirmou que os danos causados à ponte de Chongar eram de "grande importância", pois se trata de "um golpe na logística militar dos ocupantes".

A Crimeia é frequentemente alvo de ataques ucranianos, sobretudo por drones. Em outubro de 2022, uma grande explosão causou sérios danos à única ponte que liga diretamente a Crimeia à Rússia.

- Contraofensiva "levará tempo" -

A contraofensiva ucraniana havia gerado expectativas de avanços significativos entre os aliados ocidentais de Kiev. Mas o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, advertiu nesta quinta em Londres que a operação "levará tempo", embora se declarasse "otimista" sobre suas chances de sucesso.

A Rússia diz que a contraofensiva ucraniana é um fracasso: o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse que as forças ucranianas "reduziram suas atividades" para "se reagruparem" após sofrerem "grandes perdas".

No entanto, o chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, acusou o estado-maior de "mentir" para o presidente Vladimir Putin sobre a situação no front. "Há problemas colossais", assegurou.

Putin, mais cauteloso, observou que "o potencial ofensivo do adversário não foi esgotado", mencionou as "reservas estratégicas" ainda não utilizadas por Kiev e pediu ao exército russo que "leve em conta essa realidade".

A Ucrânia afirma que continua avançando e que já recuperou oito localidades desde o início de junho.

Analistas acreditam que Kiev está testando as defesas russas antes de lançar a maior parte de suas forças na batalha.

- Localidade recuperada -

Em Storozheve, uma aldeia recentemente recuperada pelas forças de Kiev no leste, os danos são visíveis por toda parte: casas destruídas e nenhum vestígio de civis.

Os soldados ucranianos exibem com orgulho seus "troféus" de guerra, como capacetes e coletes à prova de balas. "Estamos em casa", diz Valentin, que participou dos combates para reconquistar a localidade.

O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, pediu aos líderes dos países da Otan, que se reunirão em Vilnius - capital da Lituânia - em julho, que se concentrem em fortalecer a assistência militar à Ucrânia, uma "prioridade máxima".

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou a Rússia de preparar um ataque "terrorista" para causar um vazamento radioativo na usina nuclear de Zaporizhzhya, ocupada pelas forças de Moscou e alvo de ataques frequentes. O Kremlin rejeitou essas alegações.

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, se reunirá na sexta-feira em Kaliningrado com o chefe do órgão nuclear russo, Alexei Likhachev, para discutir a segurança da central de Zaporizhzhya.

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© Agence France-Presse