Congresso do Equador declara ex-presidente Lasso 'responsável político' de peculato

O Congresso do Equador declarou, nesta quinta-feira (30), o ex-presidente Guillermo Lasso "responsável político" de peculato por um prejuízo ao Estado de US$ 6 milhões (quase R$ 30 milhões, na cotação atual) em um contrato para transporte de petróleo.

Com 116 votos a favor, de 124 deputados presentes, a Assembleia Nacional decidiu que Lasso "é responsável político da infração constitucional de peculato", de acordo com a resolução aprovada.

O ex-presidente "organizou, tomou conhecimento e consentiu com o desvio de recursos públicos, consequência do contrato com a Amazonas Tanker Pool, o que gerou um prejuízo para o Estado em favor de terceiros", diz o texto aprovado pelos deputados, que retomaram o julgamento político contra Lasso na terça-feira.

O processo foi suspenso em maio depois que o então mandatário dissolveu a Assembleia Nacional para convocar eleições antecipadas e evitar uma sanção.

Este pronunciamento não implica uma censura, pois os deputados consideraram que o ex-governante já não está em funções desde 23 de novembro, quando o novo mandatário Daniel Noboa assumiu o cargo.

Sofía Espín, do partido Revolução Cidadã - ligado ao ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) - disse que a resolução representa uma "censura simbólica".

"A resolução é muito forte, há uma censura simbólica, há um repúdio ao governo de Guillermo Lasso [...] todo este expediente será enviado à Procuradoria-Geral do Estado para que inicie uma investigação", assinalou Espín aos jornalistas ao término da sessão.

As investigações envolvendo Lasso começaram depois que o site La Posta revelou um suposto esquema de corrupção para a nomeação de cargos públicos em empresas estatais.

Pelo caso que ficou conhecido como "Encontro", a Justiça ordenou na semana passada prisão domiciliar para Danilo Carrera, cunhado de Lasso, e prisão preventiva para outras três pessoas, entre elas Hernán Luque, ex-funcionário do governo.

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Também foi apontado o envolvimento do empresário Rubén Cherres, próximo a Carrera e que foi assassinado a tiros em março. Ele também era investigado por narcotráfico.

De acordo com o Ministério Público, Carrera e Cherres eram "os supostos líderes da organização criminosa" que, "valendo-se de sua proximidade com figuras da política nacional" promoviam a contratação "irregular" de pessoas em cargos públicos.

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© Agence France-Presse

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