Conteúdo publicado há 4 meses

Israel afirma que jornalistas da Al Jazeera mortos eram 'agentes terroristas'

O Exército israelense afirmou nesta quarta-feira (10) que dois jornalistas da Al Jazeera mortos em um bombardeio na Faixa de Gaza eram "agentes terroristas" filiados ao movimento islamista palestino Hamas e à sua aliada Jihad Islâmica.

Hamza Dahdouh e Mustafa Thuria, que colaboraram como cinegrafistas para vários veículos de imprensa internacionais, entre eles a AFP, morreram no domingo, em um bombardeio no sul do território palestino, quando viajavam de carro em uma missão para a emissora catari.

"Antes do bombardeio, os dois pilotavam drones que representavam uma ameaça iminente para as tropas israelenses", afirmou o Exército em comunicado.

Ao ser questionado pela AFP sobre o tipo de drone usado e a natureza da ameaça, o Exército israelense respondeu que analisaria o assunto.

Não houve reação imediata das famílias dos dois homens nem da Al Jazeera.

Em uma breve declaração, o Hamas descreveu as acusações contra os jornalistas como "vagas" e "falsas".

"Hamza Dahdouh e Mustafa Thuria foram identificados como agentes terroristas de Gaza", acusou o Exército israelense. "O serviço de inteligência militar confirmou que os dois mortos eram membros de organizações terroristas com sede em Gaza ativamente envolvidos em ataques contra as forças israelenses", diz o texto.

O Exército detalhou que Thuria foi identificado em um documento encontrado pelos soldados em Gaza como membro da Brigada Urbana do Hamas, enquanto Dahdouh foi identificado como "terrorista" da Jihad Islâmica.

O comunicado do Exército inclui uma cópia do documento que, segundo afirmou, contém uma lista dos "agentes de uma unidade de engenharia eletrônica da Jihad Islâmica, entre os quais figurava Dahdouh e seu número militar".

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O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, declarou na quarta-feira em Washington que "eles (jornalistas) têm todo o direito de estar lá para cobrir este conflito e queremos que a sua presença seja totalmente respeitada (...) Os jornalistas não devem ser um alvo".

Thuria, que tinha cerca de 30 anos, havia colaborado com a AFP e trabalhou com outros veículos internacionais.

O pai de Hamza, Wael al-Dahdouh, redator-chefe da sucursal da Al Jazeera na Faixa de Gaza, já havia perdido a mulher e outros dois filhos em um ataque israelense, nas primeiras semanas da guerra.

Na última segunda-feira, dois sobrinhos de Wael, Ahmed al-Dahdouh e Muhammad al-Dahdouh, morreram em um bombardeio quando viajavam de carro em Rafah, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas.

Pelo menos 79 jornalistas e profissionais de meios de comunicação morreram desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a maioria deles palestinos, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

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© Agence France-Presse

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