Blinken reafirma que EUA se opõe a qualquer 'reocupação' de Gaza

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse, nesta sexta-feira (23), que Washington se opõe à "reocupação" de Gaza quando terminar a guerra entre Israel e o Hamas, após o anúncio do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, de um plano para o pós-guerra que prevê manter o controle na região.

"Não vi o plano. Há alguns princípios básicos que dispusemos muitos meses atrás. Não pode ser uma plataforma para o terrorismo e não deve haver reocupação israelense de Gaza", disse Blinken durante uma coletiva de imprensa conjunta com sua contraparte argentina, Diana Mondino, em Buenos Aires, onde o secretário de Estado faz uma visita relâmpago. 

"O tamanho do território de Gaza não deve ser reduzido", acrescentou Blinken.

Benjamin Netanyahu apresentou na quinta-feira à tarde ao seu gabinete de Segurança o primeiro plano para o "pós-guerra" com o Hamas, o qual inclui a manutenção do "controle de segurança" de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada, possibilidade imediatamente rejeitada pelo Hamas e pela Autoridade Palestina - que administra parcialmente este último território. 

O documento, ao qual a AFP teve acesso nesta sexta, lembra no preâmbulo os objetivos do Exército israelense em Gaza: desmantelar totalmente o Hamas e a Jihad Islâmica e libertar todos os reféns ainda mantidos pelos islamistas.

O Exército israelense "exercerá controle de segurança sobre toda a área a oeste da Jordânia, incluída a Faixa de Gaza" para "impedir o fortalecimento de elementos terroristas ali" e frear "as ameaças contra Israel", ressalta o documento. Israel manterá "sua liberdade de ação operacional em toda a Faixa de Gaza, sem limite de tempo", acrescenta.

Um alto dirigente do Hamas disse, nesta sexta-feira, que o plano proposto por Netanyahu "nunca terá sucesso".

"No que diz respeito ao dia seguinte na Faixa de Gaza, Netanyahu apresenta ideias que sabe perfeitamente que nunca terão sucesso", declarou Osama Hamdan durante uma coletiva de imprensa em Beirute.

Um porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, afirmou que o plano pretende "perpetuar a ocupação israelense dos territórios palestinos e impedir a criação de um Estado palestino", algo que o dirigente israelense já rejeitou publicamente.

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Blinken destacou, nesta sexta-feira, que "vários países da região estão trabalhando juntos em um plano pós-guerra para Gaza" e que recentemente se reuniu com "parceiros árabes" à margem da reunião do G20 no Rio de Janeiro e da Conferência de Segurança de Munique. 

Quando questionado sobre o ataque de quinta-feira perto de um assentamento judeu na Cisjordânia, no qual uma pessoa morreu e outras oito ficaram feridas, Blinken reiterou o apoio de Washington ao direito de Israel "à segurança, autodefesa e combate ao terrorismo". 

Mas também reafirmou "a posição de longa data dos governos americanos, tanto republicanas quanto democratas: novos assentamentos são contraproducentes para alcançar uma paz duradoura" e também "incompatíveis com o direito internacional". 

"Nosso governo continua firmemente contra a expansão dos assentamentos. Do nosso ponto de vista, isso apenas enfraquece - não fortalece - a segurança de Israel", insistiu.

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© Agence France-Presse

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