Bolsonaro põe popularidade à prova em ato contra suspeitas golpistas

Uma multidão se reúne neste domingo (25) em São Paulo em uma manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que busca com o ato repudiar as suspeitas golpistas contra ele e dar uma demonstração de força como líder da oposição. 

Milhares de seguidores vestidos de verde e amarelo começaram a chegar pela manhã à Avenida Paulista, onde o ex-mandatário convocou a manifestação. 

Espera-se que Bolsonaro discurse durante o ato, no qual seus apoiadores esperam a participação de pelo menos 500.000 pessoas. 

Será "uma manifestação pacífica para defender nosso Estado democrático de direito e nossa liberdade", afirmou o ex-presidente em vídeos publicados nas redes sociais para mobilizar seus apoiadores.

Ele disse que pretende se defender de "todas as acusações" que enfrenta, incluindo as suspeitas de ter participado de um plano de golpe de Estado para se manter no poder, após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022.

Entre a multidão reunida na capital paulista estava Wilson Aseka, que viajou 700 quilômetros de Minas Gerais para participar do ato. 

"Bolsonaro é uma pessoa honesta, com certeza ele é vitima de uma perseguição", disse à AFP o construtor de 63 anos com uma bandeira do Brasil presa ao pescoço. 

"É importante apoiá-lo porque ele representa Deus, pátria e família", acrescentou, repetindo o lema do ex-presidente. 

Em 8 de fevereiro, a Polícia Federal lançou a operação Tempus Veritatis (a hora da verdade, em latim), contra Bolsonaro e vários de seus aliados próximos, incluindo alguns de seus ex-ministros. Houve apreensões, detenções e o ex-presidente foi proibido de deixar o país.

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Segundo a investigação, os suspeitos planejaram desacreditar as urnas eletrônicas antes das eleições e depois prepararam um golpe de Estado contra o novo governo Lula.

Bolsonaro diz ser vítima de uma "perseguição" e na quinta-feira se manteve em silêncio ao ser interrogado na sede da Polícia Federal, em Brasília.

- Aliados na manifestação -

Nas pesquisas, Bolsonaro se mantém como líder da oposição, embora esteja impossibilitado de disputar eleições até 2030, após ter sido declarado inelegível no ano passado precisamente por criticar as urnas eletrônicas sem apresentar provas.

Está prevista a participação no ato de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo e ex-ministro de Bolsonaro, além do prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB).

Um dos advogados de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, disse na quinta-feira esperar que a manifestação reúna entre "500.000 e 700.000" apoiadores, além de uma centena de deputados.

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"Dia 25 EU VOU! É pelo Brasil, vai ser GIGANTE!", escreveu na plataforma X a deputada federal bolsonarista Bia Kicis (PL-DF).

"Em caso de grande adesão, (Bolsonaro) venderá mais facilmente a narrativa de que o povo está com ele, e que a oposição ao Governo será forte", disse à AFP André Rosa, cientista político da Universidade de Brasília. Caso contrário, vai perder "legitimidade", acrescentou.

A manifestação também foi promovida pelo pastor Silas Malafaia, muito influente entre os milhões de evangélicos do país, um eleitorado-chave para Bolsonaro e a oposição conservadora. 

- Verde e amarelo -

O ex-presidente pediu que seus apoiadores participem do ato vestidos de verde e amarelo, mas que não levem cartazes ou faixas.

A maioria dos manifestantes que acataram ao chamado cumpre a recomendação, muitos vestidos com a camisa da Seleção Brasileira e bandeiras com as cores nacionais.

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Bolsonaro também solicitou que não haja manifestações em outras cidades do país.

Durante seu mandato, os atos bolsonaristas foram marcados por palavras de ordem contra as instituições da República, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes.

Além de estar à frente das investigações contra Bolsonaro e seu círculo próximo, o magistrado autorizou a operação "Tempus Veritatis".

- Bandeiras de Israel -

Desde que deixou o poder, o ex-presidente tem sido alvo de uma série de investigações.

No ano passado, ele se apresentou às autoridades por suspeitas de ter incentivado a invasão das sedes dos Três Poderes na capital federal por seus apoiadores dias depois da posse de Lula.

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Na Avenida Paulista também tremulam bandeiras de Israel entre manifestantes conservadores que pediram nas redes sociais apoio ao país, após as polêmicas declarações de Lula, que comparou a campanha militar israelense em Gaza ao Holocausto.

Edivan Borges, um vendedor de seguros de 43 anos, usava uma insígnia de Israel presa nas costas "Queremos mostrar que o povo brasileiro não concorda com o que o Lula falou sobre Israel", disse à AFP. 

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© Agence France-Presse

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