Mais de 100 palestinos mortos por tiros israelenses durante distribuição de ajuda em Gaza

O Hamas afirmou que mais de 100 palestinos morreram nesta quinta-feira (29) atingidos por tiros de soldados israelenses quando tentavam receber ajuda humanitária em Gaza, onde a guerra já provocou mais de 30.000 vítimas fatais.

Fontes israelenses confirmaram que os soldados se sentiram "ameaçados" e abriram fogo contra os palestinos, mas negaram a responsabilidade pelas mortes. O Exército afirmou que várias pessoas morreram pisoteadas pela multidão.

Depois de quase cinco meses de guerra entre Israel e Hamas, a ONU calcula que 2,2 milhões de pessoas, ou seja, a grande maioria da população, correm o risco de morrer de fome na Faixa de Gaza, especialmente no norte, onde a destruição, os combates e os saques praticamente impossibilitam a entrega de ajuda humanitária.

Um médico do hospital Al Shifa na Cidade de Gaza afirmou que os soldados atiraram "milhares de cidadãos" que correram na direção dos caminhões de ajuda.

"O número de mortos no massacre da rua Al Rashid é de 104, além de 760 feridos", afirmou o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf Al Qudra, em um comunicado.

Testemunhas relataram à AFP que viram milhares de pessoas correndo na direção dos caminhões de ajuda humanitária que se aproximavam de uma rotatória ao oeste da Cidade de Gaza.

No início da manhã, o Ministério da Saúde do Hamas anunciou que mais de 30.000 pessoas morreram nas operações militares israelenses em Gaza desde o início da guerra, e, 7 de outubro.

O conflito é o mais violento dos cinco já travados entre Israel e Hamas, que tomou o poder em Gaza em 2007.

Os países mediadores esperam alcançar uma trégua antes do início do Ramadã, o mês de jejum muçulmano que começa nos dias 10 e 11 de março, dependendo do país, mas até o momento não anunciaram avanços concretos.

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"O número de mártires supera 30.000, a grande maioria mulheres e menores de idade. Mais de 70.000 palestinos ficaram feridos. Esta violência terrível e o sofrimento devem acabar. Cessar-fogo", afirmou o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede social X. 

- Sem pão -

Em toda Faixa de Gaza, a população civil está bloqueada entre combates e bombardeios diários, que destruíram bairros inteiros e forçaram a fuga de milhares de famílias. 

"Não comemos pão há dois meses. Nossos filhos estão morrendo de fome", disse à AFP Muhammad Yassin, um palestino de 35 anos que mora em Zeitun, bairro do norte do território.

Durante a manhã, ele saiu para comprar farinha e encontrou "milhares de pessoas que aguardavam durante horas para conseguir dois quilos de farinha". 

"É um crime e um desastre. Um mundo tão injusto", acrescentou. 

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As necessidades humanitárias em Gaza são "ilimitadas", afirmou a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

"A fome se aproxima. Os hospitais foram transformados em campos de batalha. Um milhão de crianças enfrentam traumas diários", destacou a agência.

A guerra começou em 7 de outubro com um ataque sem precedentes de milicianos do Hamas, que invadiram o sul de Israel e assassinaram pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses. 

Também sequestraram mais de 250 pessoas, que foram levadas para a Faixa de Gaza. As autoridades israelenses calculam que 130 continuam retidas no território palestino, incluindo 31 que o governo acredita que foram mortas. Uma trégua em novembro permitiu a libertação de 105 reféns em troca de 240 prisioneiros palestinos.

Em represália, Israel prometeu destruir o Hamas, considerado um grupo terrorista por Estados Unidos e União Europeia.

- Combates de norte a sul -

Segundo o exército de Israel, os combates prosseguem em Zeitun, assim como no centro do território e em Khan Yunis, no sul. 

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Centenas de milhares de pessoas deslocadas chegaram a Rafah, uma cidade próxima da fronteira fechada com o Egito, empurradas para o sul com o avanço dos combates.

Quase 1,5 milhão de palestinos, segundo a ONU, estão aglomerados na localidade, onde o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu iniciar uma ofensiva para derrotar Hamas no que considera seu "último reduto".

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© Agence France-Presse

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