Zona do euro sai da recessão e mantém inflação sob controle

A zona do euro saiu da recessão no primeiro trimestre do ano, com um crescimento mais robusto do que o esperado, e conseguiu manter a inflação sob controle, segundo dados publicados nesta terça-feira (30) que poderão levar o Banco Central Europeu (BCE) a reduzir as taxas em junho.

O Produto Interno Bruto da zona do euro registrou uma clara recuperação e aumentou 0,3% em relação ao trimestre anterior, assim como o da União Europeia como um todo.

A inflação permaneceu estável, em 2,4%, na comparação anual em abril, anunciou a Eurostat nesta terça-feira. 

Os analistas consultados pela Bloomberg e pela FactSet esperavam em média um crescimento econômico de 0,1% nos primeiros três meses do ano. 

O PIB da zona do euro caiu 0,1% nos dois trimestres anteriores, implicando uma recessão técnica no segundo semestre de 2023, segundo números publicados pelo Instituto Europeu de Estatísticas.

Entre janeiro e março de 2024, os principais países entraram em terreno positivo: Espanha (+0,7%), Itália (+0,3%), mas também Alemanha e França, as duas principais economias do bloco, que registraram um crescimento de 0,2%. 

Esta melhoria do crescimento é acompanhada por outra boa notícia, a estabilidade do aumento dos preços no consumidor em abril, em 2,4% na comparação anual nos 20 países que compartilham a moeda única. 

A inflação permanece próxima da meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE), o que deverá reforçar a sua intenção de reduzir as taxas de juros.

Tudo indica que o BCE cortará as taxas pela primeira vez em junho, de acordo com declarações recentes dos seus diretores. 

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A inflação subjacente, que exclui os elementos mais voláteis, como os preços da energia e dos alimentos, também continuou sua queda para 2,7% em abril, após 2,9% em março. 

O aumento dos preços ao consumidor na zona do euro caiu drasticamente desde o recorde de 10,6% em termos anuais em outubro de 2022, quando os preços da energia dispararam devido à guerra na Ucrânia.

- "Otimismo" do FMI -

A demanda de empréstimos abrandou, afetando o consumo e o investimento, tanto por parte das empresas como das famílias. 

A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que está em Bruxelas para se reunir com autoridades da União Europeia, disse nesta terça-feira que estava "otimista" em relação ao crescimento no bloco. 

"A economia está em território positivo apesar do choque energético", disse aos jornalistas, ao mesmo tempo que alertou que a luta contra a inflação "não acabou".

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Os analistas também avaliaram os dados de forma positiva. 

"A economia da zona do euro entrou claramente em uma fase mais favorável, com uma taxa de desemprego baixa e uma inflação mais moderada", disse Bert Colijn, economista do ING Bank, alertando que a recuperação no horizonte "não seria vigorosa".

Andrew Kenningham, da Capital Economics, salienta que "os dados do PIB do primeiro trimestre maiores que o esperado significam que a zona do euro saiu da recessão" e a queda da inflação subjacente em abril "não impedirá o BCE de iniciar o seu ciclo de flexibilização das taxas em junho".

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© Agence France-Presse

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