Wálter Maierovitch

Wálter Maierovitch

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Irã: Interesses, especulações e suspeitas sobre a morte do presidente

A morte do presidente iraniano Ebraim Raisi, após a queda de um helicóptero velho, com tecnologia ultrapassada e a enfrentar o previsível nevoeiro da floresta de Dizmar, virou prato cheio para dúvidas por parte dos operadores da geopolítica e dos 007 dos serviços de inteligência americana e europeia.

Todos sabem possuir o Irã tecnologia avançada. A propósito, podem ser recordados episódios recentes relativos ao enriquecimento de urânio e às suspeitas de construções de bombas atômicas.

Com tanta tecnologia disponível, lembram os 007, a localização dos escombros e das vítimas fatais, a incluir o chanceler iraniano Hossein Amir-Abdollahian, deu-se graças à tecnologia moderna de drones emprestados da Turquia.

Por conhecer bem o ambiente dos complôs, Israel, no domingo 19 e tão logo anunciado o acidente, avisou nada ter com o ocorrido.

Direito e suspeita

O direito, quando se especula sobre complôs, sempre aparece como pano de fundo. No Irã, um estado teocrático, a autoridade máxima é o aiatolá Ali Khamenei.

Khamenei é o líder supremo do Conselho dos Guardiões da Constituição. O presidente da República islâmica é o segundo cargo em importância.

Portanto, à luz do direito interno, as funções diferentes afastam suspeitas — mas, no mundo real, não é bem assim.

Aparentemente, o líder supremo não deveria intrometer-se na eleição do presidente. No entanto, se intromete e influencia.

Continua após a publicidade

No famoso calendário Atlante de Agostini, do Instituto Geográfico De Agostini, localizado na italiana Novara, constaram, na edição de 2013, informações de um desses dissensos internos entre o líder religioso e o político.

O conflito interno, ocorrido nos anos de 2010 e 2011, deu-se entre o então presidente Akbar Hashemi Rafsanjani e o supremo líder Khamenei. O motivo foi o protesto pela ilegítima influência de Khamenei nas eleições, em apoio a candidato à presidência.

Até o desconhecido e açougueiro de profissão Mahmoud Ahmadinejad, eleito em 2005 e reeleito em 2009 e conhecido mundialmente por negar o holocausto judeu, chegou à presidência pela influência de Khamenei.

No momento político antes da trágica morte do presidente Raisi, o aiatolá Khamenei, com 85 anos e fala-se em saúde debilitada, movimentava-se para emplacar o filho Mojtaba Khamenei.

Segundo informes da inteligência europeia, o filho de Khamenei é odiado pelos pasdaran, a guarda revolucionária nascida com a revolução de Ruhollah Khomeini, em 1979.

Orquestrações

O falecido presidente Raisi não gozava de grande estima. Sua fama era de impiedoso carniceiro. Em razão disso, perdeu as eleições presidenciais em 2017.

Continua após a publicidade

Uma gravação aponta um diálogo dele ao tempo que era procurador do Tribunal Criminal de Teerã. Na gravação, Raisi admite ter mandado matar 950 prisioneiros rebelados nos cárceres iranianos.

Numa segunda tentativa eleitoral, Raisi venceu e, segundo fontes da imprensa ocidental, pela grande abstenção acontecida.

Até agora e com Khamenei a pedir orações pelo falecido presidente Raisi e pelo chanceler Abdollahian, tudo caminha para o reconhecimento oficial de um acidente não criminoso.

Isso, no entanto, não convence os 007 e operadores da geopolítica — e aposta-se, por pura especulação diante do cenário político interno, em morte de Raisi encomendada por Khamanei, no seu plano de abrir caminho ao filho Mojtaba.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes