Irmão da presidente do Peru é preso por suspeita de corrupção

A polícia do Peru prendeu, nesta sexta-feira (10), o irmão e o advogado da presidente do Peru, Dina Boluarte, por sua suposta ligação com uma rede de corrupção para nomear funcionários públicos em troca de propinas, anunciou o Ministério Público. 

Uma equipe especial de promotores de combate à corrupção "prendeu Nicanor Boluarte Zegarra, Mateo Castañeda e outros investigados pelos crimes de organização criminosa e tráfico de influência", indicou o Ministério Público no X. 

Boluarte, irmão mais velho da presidente peruana, foi preso em seu apartamento, na zona leste de Lima. 

O Ministério Público o acusa de comandar uma rede que designava prefeitos e vice-prefeitos em troca de "benefícios econômicos", informou o órgão em um comunicado. 

Estes funcionários atuam como representantes do Executivo nas regiões do país e são nomeados diretamente pelo presidente e pelo ministro do Interior. 

De seus cargos, atraíam "afiliados" para um novo partido político, o "Cidadãos do Peru", que seria liderado por Nicanor Boluarte, de 64 anos.

A organização "teria criado seu programa criminoso imediatamente após Boluarte" assumir a Presidência, em 7 de dezembro, afirmou o MP.

Boluarte negou as acusações, enquanto era conduzido, algemado, para a prisão, após ter seu apartamento revistado.

"Nego absolutamente tudo, sou inocente", disse aos jornalistas.

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- "Poder de fato" -

Além de Boluarte, foi preso também o advogado da presidente e outras seis pessoas em diferentes operações realizadas em Lima, Cajamarca, Junín e San Martín. 

No marco dessas ações foram realizadas buscas em "26 imóveis", disse o Ministério Público. 

Castañeda representa a mandatária peruana na investigação que ela enfrenta por causa dos relógios de luxo que não declarou em sua lista de bens. 

Segundo as autoridades judiciais, Nicanor Boluarte tirou proveito do "poder de fato" que sua irmã lhe concedeu para "instrumentalizar as prefeituras e subprefeituras" em seu benefício. 

Enquanto isso, Castañeda supostamente exercia o papel de "operador legal" da rede de corrupção. 

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Com a prisão de seu irmão, a mandatária peruana enfrenta um novo escândalo. 

Boluarte, de 61 anos, está sendo interrogada pelo chamado Rolexgate e enfrenta outra investigação judicial pela repressão dos protestos que ocorreram após a sua posse. 

No marco do primeiro processo, o Ministério Público realizou operações de busca em sua casa e no gabinete presidencial à procura das joias que, segundo Boluarte, pertencem a um governador que as teria emprestado. 

A presidente é suspeita de "enriquecimento ilícito e omissão de declaração de documentos". 

Se o Ministério Público decidir acusá-la, Boluarte só seria levada a julgamento no final de seu mandato, em julho de 2026, conforme prevê a Constituição. 

A mandatária assumiu o poder no lugar de Pedro Castillo, de quem foi vice e que foi deposto e preso por sua tentativa fracassada de dissolver o Congresso. 

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À sua posse se sucederam protestos que foram duramente reprimidos pelas forças de segurança. 

Nas manifestações morreram 50 pessoas, supostamente nas mãos de policiais e militares. 

Por causa disso, Boluarte enfrenta, desde janeiro de 2023, uma investigação por suposto "genocídio, homicídio qualificado e lesões graves".

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© Agence France-Presse

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