Andreza Matais

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Reportagem

Haddad é próximo alvo da dupla Rui Costa-Alexandre Silveira

Depois de derrubar Jean Paul Prates da presidência da Petrobras, a dupla Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) se ocupa agora em enfraquecer o ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Como revelou a coluna, o ministro soube pela imprensa da demissão de Prates, embora tenha se encontrado duas vezes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva naquele mesmo dia. Um fato que causou em Costa e Silveira tanto "regozijo" quanto a demissão de Prates, segundo interlocutores.

O primeiro "golpe" será tentar substituir Mário Spinelli, diretor de Governança e Conformidade da Petrobras, como antecipou a coluna. Spinelli foi controlador-geral do Município de São Paulo (2013-2014) na época em que Haddad era prefeito e, na petroleira, atuou para tirar o braço direito do ministro de Minas e Energia da presidência do Conselho de Administração. Prates tentou colocar outro nome na vaga, mas Haddad conseguiu emplacar o seu preferido.

Spinelli se manifestou em fevereiro contra a recondução de Pietro Mendes para o colegiado alegando conflito de interesse por ele acumular a função na Petrobras com a Secretária Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Uma tese que atendia aos interesses de Prates e Haddad. Os dois atuaram para emplacar um nome no lugar de Pietro e assim controlar a agenda do conselho. O diretor chegou a se justificar com Pietro dizendo que o relatório era da área técnica, mas ninguém acreditou que não tivesse sua participação. E, segundo a assessoria da Petrobras, apenas repetiu o que a área técnica já havia deliberado no ano anterior, quando o diretor era outro.

Na última semana, buscou-se em conversas reservadas várias alternativas para destituir Spinelli do cargo. Pela natureza da sua função, o cargo tem mandato de dois anos. Uma delas seria reunir 2/3 dos votos do Conselho de Administração, mas para isso o governo, que só tem seis votos, precisaria contar com os minoritários. Outra seria alteração no estatuto, que dependeria de votação dos acionistas. Uma ala adverte que esses movimentos podem impactar as ações da empresa, mas que ninguém é insubstituível.

A dupla Costa-Silveira também atua para cooptar Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, para votar com seus indicados no conselho de administração. Dubeux foi colocado na vaga por Haddad e Prates justamente para fazer o contraponto aos "silveirinhas", como o ex-presidente da Petrobras chamava os conselheiros próximos do ministro de Minas Energia.

Haddad virou alvo por ser uma ameaça aos planos e Costa e Silveira para a Petrobras, mas também pela lógica eleitoral que pauta quase todo o primeiro escalão do governo Lula. Uma das informações que circulou em Brasília é que Prates teria oferecido apoio a Haddad nas eleições de 2026. O ministro é o nome mais forte no PT para disputar a presidência da República em 2026, caso Lula não concorra, o que é improvável, ou o governo de São Paulo.

Rui Costa trabalha para voltar ao governo da Bahia; Silveira para se eleger governador de Minas Gerais e Jean Paul Prates praticamente transferiu a sede da Petrobras para o Rio Grande do Norte, onde quer disputar o governo em 2026. Além disso, o PSD, partido do ministro de Minas e Energia, trabalha para emplacar o vice de Lula.

Magda Chambriand, que aguarda os trâmites formais para assumir o comando da Petrobras, está alinhada aos ministros Rui Costa e Silveira e já teria entendido a lógica eleitoral. Na última semana, ela esteve em Brasília em conversas reservadas com o ministro de Minas e Energia com Haddad acompanhado tudo somente pela imprensa.

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Embora seja unanimidade que é uma técnica experiente, Magda chega à Petrobras sob desconfiança de quem a conhece se ela politicamente conseguirá se manter na função por muito tempo. Ela teria sido beneficiada pela Lei das Estatais, que "barrou" vários dos nomes que poderiam ocupar a vaga na petroleira.

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