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China inicia exercícios militares perto de Taiwan e promete 'sangue'

Pessoas olham para uma aeronave Mirage 2000-5 da Força Aérea de Taiwan enquanto se prepara para pousar na Base Aérea de Hsinchu em Hsinchu, Taiwan, 23 de maio de 2024 Imagem: Carlos Garcia Rawlins/REUTERS

23/05/2024 06h46

A China iniciou, nesta quinta-feira (23), dois dias de exercícios militares "ao redor da ilha de Taiwan" como "forte punição pelos atos separatistas" no território após a cerimônia de posse de um novo presidente detestado por Pequim.

O Ministério da Defesa de Taiwan anunciou que detectou 49 aviões chineses durante as manobras de Pequim, "dos quais 35 cruzaram a linha mediana", em referência à linha que divide o Estreito de Taiwan, localizada entre a ilha e a China continental.

Considerado pelas autoridades comunistas como um "separatista perigoso", Lai Ching-te assumiu na segunda-feira o cargo de presidente com um discurso em que celebrou a democracia de Taiwan e fez um apelo para que a China "cesse a intimidação política e militar".

A China, que reivindica sua soberania sobre a ilha governada separadamente desde 1949 e nunca descartou a possibilidade de recorrer à força para assumir o controle do território, denunciou as palavras de Lai como uma "confissão de independência".

As manobras começaram na manhã de quinta-feira com o envio de aviões e navios militares para os "arredores da ilha de Taiwan" para testar suas capacidades de combate, anunciou o Exército Popular de Libertação da China.

Essas manobras são uma "séria advertência" dirigida aos "independentistas" da ilha, que acabarão "ensanguentados", destacou Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia chinesa.

As autoridades taiwanesas responderam de imediato e mobilizaram suas forças marítimas, aéreas e terrestres.

"Continuaremos defendendo os valores da liberdade e da democracia", afirmou o presidente Lai. 

Em coordenação com o Exército, a Guarda Costeira de Taiwan mobilizou sua frota para "monitorar os movimentos nas águas marítimas próximas" e defender "a soberania e a segurança do país com uma atitude firme".

Taiwan mobilizou quatro caças da base de Hsinchu, que fica 60 km ao sudoeste de Taipé.

- "Forte punição" -

Os exercícios "acontecem no Estreito de Taiwan, ao norte, ao sul e ao leste da ilha de Taiwan", reportou a agência oficial chinesa Xinhua.

Segundo o coronel Li Xi, porta-voz do Exército, as manobras representam uma "forte punição pelos atos separatistas das forças da 'independência de Taiwan' e um aviso severo contra a interferência e provocação por forças externas". 

Os exercícios devem testar "as capacidades conjuntas de combate real", acrescentou.

O professor e analista Zhang Chi, da Universidade Nacional de Defesa de Pequim, comentou no canal de televisão estatal CCTV que os exercícios pretendem "impor um bloqueio econômico à ilha, estrangulando" o porto de Kaohsiung, que tem um interesse estratégico para Taiwan.

Com este bloqueio, é possível cortar "as importações de energia vitais para Taiwan" e "bloquear o apoio que alguns aliados dos Estados Unidos fornecem às forças 'independentistas de Taiwan'", acrescentou o professor.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a todas as partes "que se abstenham de qualquer ação que leve a uma escalada das tensões na região", informou seu porta-voz, Stephane Djudarric, nesta quinta.

Os Estados Unidos pediram "firmemente a Pequim que aja com contenção", declarou um alto funcionário americano.

Os exercícios militares mobilizados pela China "são temerários, aumentam os riscos de uma escalada e atentam contra normas que têm mantido a paz e a estabilidade regionais durante décadas", acrescentou.

- Ato "esperado", mas "preocupante" -

As relações entre Pequim e Taipé se deterioraram consideravelmente desde 2016, quando começou o governo da ex-presidente taiwanesa Tsai Ing-wen que, assim como seu sucessor Lai, é uma defensora veemente do modelo democrático da ilha.

Pequim aumentou a pressão militar, diplomática e econômica sobre a ilha de 23 milhões de habitantes que, embora tenha pouco reconhecimento internacional, conta com um governo, um exército e uma moeda própria.

"Já esperávamos algo assim, sinceramente", reconheceu o subcomandante do Exército americano na região, o tenente-general Stephen Sklenka, em um evento em Canberra. "É preocupante", acrescentou.

Em agosto do ano passado, a China anunciou exercícios militares em resposta a uma escala do então vice-presidente Lai nos Estados Unidos durante uma viagem ao Paraguai.

Meses antes, em abril, as Forças Armadas chinesas simularam um cerco à ilha após uma reunião de Tsai na Califórnia com o então presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy.

Em 2022, a China organizou grandes exercícios militares na região depois que a antecessora de McCarthy, Nancy Pelosi, visitou Taiwan.

Os acontecimentos nesta região podem ter consequências econômicas importantes: 70% da produção mundial de semicondutores vêm de Taiwan e mais de 50% dos contêineres de mercadorias atravessam o estreito que separa esta ilha da China continental.

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© Agence France-Presse

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