Polícia de Phoenix é apontada por uso excessivo da força e discriminação

A polícia da cidade de Phoenix, no Arizona (Estados Unidos), viola sistematicamente os direitos constitucionais ao implementar força excessiva, atacar minorias e pessoas em situação de rua, segundo um informe do Departamento de Justiça divulgado nesta quinta-feira (13).

"O Departamento de Polícia de Phoenix faz uso excessivo de força, muitas vezes aumentando injustificadamente o nível de força nos primeiros minutos ou até segundos" da abordagem, disse Kristen Clarke, promotora-geral adjunta de Direitos Civis do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

"Por exemplo, os policiais de Phoenix atiraram em um homem e, depois que ele caiu, dispararam contra ele várias vezes, e mandaram um cachorro policial para arrastá-lo até eles", declarou Clarke. "A dor que eles lhe causaram foi extraordinária, por nove minutos os agentes não lhe deram assistência médica. De forma trágica, o homem morreu", concluiu.

O informe de 126 páginas é produto de uma investigação de quase três anos iniciada pelo Departamento de Justiça, depois de um pente fino nas polícias de cidades como Mineápolis e Louisville, onde foram registradas situações similares. 

Os Estados Unidos vêm registrando há décadas episódios trágicos de violência policial, um tema que divide a sociedade.

Clarke disse, ainda, que a população de rua da capital do Arizona "tem sofrido um padrão de conduta inconstitucional" pelas mãos da polícia.

"É histórico. Essa é a primeira vez que o Departamento de Justiça encontra violações dos direitos civis e constitucionais de pessoas sem teto", disse a porta-voz do gabinete em coletiva de imprensa.

De acordo com o relatório, 37% das prisões e intimações delitos menores correspondem a pessoas em situação de rua. 

A investigação também constatou uma discriminação sistemática contra negros, latinos e indígenas durante a atividade policial, baseando-se em estatísticas do próprio Departamento de Polícia sobre o tratamento desproporcional que as minorias recebem.

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"O Departamento de Polícia afirmou que não estava a par dessas desigualdades raciais", indicou Clarke. "Pelas queixas da comunidade, deveriam ter impulsionado o departamento a analisar seus próprios dados. Ao contrário, fizeram vista grossa", afirmou. 

O relatório também mostra que a polícia discrimina pessoas com deficiência, e que reprime violentamente manisfestantes ou cidadãos que protestam contra seus atos.  

"Levamos a sério todas as acusações e vamos revisar este extenso informe com a mente aberta", disse Jeff Barton, administrador da Prefeitura, em um comunicado. 

A polícia de Phoenix tem sido considerada como uma das mais violentas dos Estados Unidos, de acordo com um informe de 2018, realizado pelo Instituto Nacional de Polícia, uma organização sem fins lucrativos.

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© Agence France-Presse

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