Biden simplifica regularização de centenas de milhares de migrantes

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, abre a via, nesta terça-feira (18), para conceder permissões de residência a centenas de milhares de cônjuges de americanos e acelerar a concessão de vistos de trabalho a estrangeiros graduados em universidades do país, medidas condenadas pelos apoiadores de seu rival republicano, Donald Trump.

Com essas mudanças, os migrantes sem autorização de residência casados com americanos, além de seus filhos, poderão obtê-la sem precisar sair do país para isso. 

As modificações vão beneficiar aqueles que vivem "no país há pelo menos 10 anos e estão casados com um cidadão americano desde antes de 17 de junho de 2024", informou a Casa Branca. 

O governo estima que cerca de 500 mil migrantes, além de "cerca de 50 mil enteados de cidadãos americanos", poderão se beneficiar das novas regras. 

A reforma de Biden também facilitará a obtenção de vistos de trabalho para os graduados em centros de ensino superior americanos, desde que "tenham recebido uma oferta de emprego altamente qualificada", informou a Casa Branca.

A medida vai beneficiar os "dreamers" (sonhadores), ou seja, os migrantes que chegaram crianças aos Estados Unidos e são protegidos pelo programa federal DACA, que lhes permite viver e trabalhar legalmente no país.

O democrata anunciou estas novas medidas em um ato comemorativo dos 12 anos do 'Daca', no qual criticou os republicanos da Câmara baixa do Congresso por se negar a debater um pacote migratório bipartidário que houvesse imposto medidas drásticas.

- "Garantir a segurança" -

Biden tenta se equilibrar diante das críticas dos republicanos e de parte dos americanos que, segundo as pesquisas, querem uma linha dura contra a migração e para lidar com as condenações da ala à esquerda dos democratas, que considera sua política muito conservadora neste âmbito.

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Ele se defende.

"Como presidente, tive que tomar estas ações, cada país deve garantir a segurança de suas fronteiras; simples assim", afirmou ele na terça-feira, dias depois de assinar um decreto que restringe a entrada de migrantes pela fronteira com o México, quando houve mais de 2.500 travessias irregulares na média de sete dias.

"Desde que implementamos minha ordem, as travessias diminuíram 25% na fronteira", disse, assegurando que ele não faz "politicagem" com o tema migratório ao contrário de Trump, a quem acusou de ter chamado há alguns meses os congressistas republicanos para dizer-lhes que "não avancem" com o pacote bipartidário.

Ele também criticou Trump uma vez mais por dizer que os migrantes "envenenam o sangue" do país por chamá-los de "animais" e por ameaçar detê-los se vencer as eleições.

"É difícil acreditar no que está dizendo, mas ele o está dizendo em voz alta", afirmou Biden.

Trump, que durante seu mandato quis pôr fim ao DACA, alegando que era inconstitucional, condenou duramente as novas medidas.

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"Esta anistia de Biden é um ataque direto à democracia americana", disse, durante um comício, prometendo derrubar a medida se vencer as eleições.

Ao contrário, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, a qualificou de "avanço" e "boa notícia".

Associações de defesa dos migrantes, como a poderosa União Americana pelas Liberdades Civis, ACLU,  também comemoraram.

"Esta política vai ajudar a manter unidas as famílias (...) e é popular entre os eleitores", afirmou Deirdre Schifeling, diretora política da ACLU, citada em um comunicado.

"É moralmente correta, economicamente sólida e politicamente inteligente", afirmou Rebecca Shi, diretora da American Business Immigration Coalition.

Entre os presentes ao ato comemorativo da DACA estava o "dreamer" Javier Quiroz Castro, que trabalha como enfermeiro graças ao programa.

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Os anúncios feitos nesta terça-feira "vão evitar que centenas de milhares de famílias como a minha em todos os Estados Unidos sejam deportadas", disse.

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© Agence France-Presse

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