EUA, Espanha e República Tcheca pedem informações sobre cidadãos presos na Venezuela
Os governos de Estados Unidos, Espanha e República Tcheca pediram nesta segunda-feira (16) à Venezuela informações sobre seus cidadãos detidos no país sul-americano sob a acusação de terem participado de um complô para assassinar o presidente Nicolás Maduro.
O governo venezuelano anunciou neste fim de semana a prisão de três americanos, dois espanhóis e um tcheco ligados a um suposto plano para "desestabilizar" o país. O Ministro do Interior, Diosdado Cabello, informou que o militar americano Wilbert Castañeda está entre os detidos, e que 400 fuzis foram apreendidos.
"Estamos buscando informações adicionais e monitorando a situação", informou hoje o Departamento de Estado americano. Caracas e Washington romperam relações diplomáticas em 2019. Espanha e República Tcheca, que mantêm um diálogo formal com a Venezuela, confirmaram hoje que iniciaram movimentos para pedir informações.
Cabello identificou os outros dois americanos como David Estrella e Aaron Barren Logan, e os espanhóis como José María Basoa e Andrés Martínez Adasme. Eles foram vinculados a órgãos de inteligência dos Estados Unidos e da Espanha, o que os dois países negaram. O cidadão tcheco foi identificado como Jan Darmovrzal.
O governo dos Estados Unidos não esperava que tivéssemos capacidade de capturar o chefe de operações do plano terrorista contra a Venezuela", disse Maduro, sobre o militar americano.
- Acusações -
O governo da Espanha solicitou "informações oficiais e verificadas" sobre seus cidadãos detidos, além de esclarecimentos sobre as acusações" contra eles, segundo nota da chancelaria. "A embaixada espanhola em Caracas está em contato com o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, ao qual comunicou que vai exercer a proteção diplomática e consular dos seus cidadãos."
"Esses turistas terroristas iriam plantar bombas em seu tempo livre. Eles vêm para um novo tipo de turismo, pode-se chamar de turismo de aventura, turismo explosivo", ironizou Maduro.
As prisões ocorreram em meio ao aumento da tensão entre a Venezuela e os governos dos Estados Unidos e da Espanha devido às eleições de 28 de julho, das quais Maduro foi proclamado vencedor, apesar de denúncias de fraude.
A tensão entre Madri e Caracas escalou nos últimos dias, após a chegada do candidato opositor venezuelano, Edmundo González Urrutia, à Espanha para pedir asilo, após um mês na clandestinidade em seu país natal, onde era procurado. Em resposta, a Venezuela chamou sua embaixadora em Madri para consultas e convocou o embaixador espanhol em Caracas para protestar contra os questionamentos levantados sobre a reeleição de Maduro.
A República Tcheca, por sua vez, solicitou à Venezuela "informações detalhadas" sobre a prisão de Jan Darmovrzal, e contato consular. "A embaixada tcheca em Bogotá enviou uma nota ao Ministério das Relações Exteriores da Venezuela sobre o assunto", anunciou a chancelaria do país.
O alto representante diplomático da União Europeia, Josep Borrell, chamou o governo Maduro de ditatorial".
- Antecedentes -
Esta não é a primeira vez que estrangeiros são presos na Venezuela sob a acusação de conspiração. Os americanos Luke Denman e Airan Berry foram condenados a 20 anos de prisão por um plano denunciado em 2020 pelo chavismo para invadir o país pelo mar e derrubar Maduro, que terminou com oito "mercenários" mortos.
Os americanos foram soltos em dezembro e devolvidos ao seu país na troca de prisioneiros que levou à libertação do colombiano Alex Saab, acusado de ser "testa de ferro" de Maduro.
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Quero receber"Já assistimos a vários capítulos de uma série que parece se repetir. É como a quinta temporada na Netflix da conspiração perpétua", comentou Maduro.
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© Agence France-Presse
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