'Tivemos muito medo!', relatam atingidos pelos enormes incêndios em Portugal
"Tivemos muito medo!", relata com lágrimas nos olhos Maria Ribeiro, uma aposentada que vive em Albergaria-a-Velha, uma localidade de Portugal ameaçada pelos vastos incêndios florestais que deixaram três mortos e que destruíram cerca de 10.000 hectares.
Portugal mobilizou mais de 3.700 bombeiros nesta terça-feira (17), depois de pedir a outros países europeus na segunda-feira para controlar os incêndios que destruíram em três dias mais superfície que todos os incidentes registrados durante o verão (norte), segundo um balanço da proteção civil.
O comandante nacional de proteção civil, André Fernandes, atualizou nesta terça para sete o balanço de mortos.
"Lamentamos a morte de três bombeiros", duas mulheres e um homem, presos nas chamas enquanto lutavam contra um incêndio perto de Nelas, na região de Viseu, no norte.
Um brasileiro de 28 anos que trabalhava para uma empresa florestal em Albergaria-a-Velha morreu na segunda-feira.
Outras duas pessoas morreram após sofrer crises cardíacas e um bombeiro voluntário que lutava contra os incêndios perto de Oliveira de Azeméis morreu no domingo durante o descanso dos trabalhos para combater as chamas.
Os maiores incêndios atingiram a região de Aveiro e foram especialmente destrutivos em vilarejos próximos ao município de Albergaria-a-Velha.
"Queimaram todas as minhas terras (...) tive a sorte que minha casa não foi atingida", relatou em lágrimas Ribeiro, uma mulher de 82 anos que vive na cidade de Busturenga, ligada ao município de Albergaria-a-Velha.
"Tivemos muito medo (...) ninguém veio nos socorrer", afirmou.
Em todo o país, há quase 50 focos ativos e cerca de 1.000 veículos mobilizados, além de vinte aviões e helicópteros.
Desde que as autoridades pediram ajuda aos países do entorno, os Canadair enviados pela Espanha se somaram ao dispositivo e, durante o dia, espera-se a chegada de ajuda da França, Itália e Grécia.
Maria do Carmo Carvalho, de 70 anos, esperava impaciente a chegada dos serviços de emergência.
"Nunca vi nada parecido", afirmou com os olhos irritados pela fumaça, após ter tentado lutar contra as chamas na segunda-feira com a ajuda de sua família para salvar suas aves de curral.
As chamas se propagaram muito rápido estimuladas pelos fortes ventos e por temperaturas de mais de 30ºC e deixaram um rastro de árvores carbonizadas, arbustos queimados e o chão manchado de preto.
- "Nunca vi nada parecido" -
O país está em "alerta máximo" pelos incêndios desde o fim de semana, mas a situação se agravou na segunda-feira e os incêndios deixaram pelo menos 40 feridos, entre eles 33 bombeiros, segundo o último balanço das autoridades.
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Quero receberOs habitantes do povoado afirmam que não haviam visto um incêndio dessa magnitude em mais de 20 anos.
"Me refugiei em minha casa. Nunca vi nada parecido. O fogo cercou o povoado e os aviões não conseguiam voar devido à fumaça", relatou Maria Fátima, uma mulher de 67 anos.
Os especialistas indicam que o aumento das ondas de calor, assim como sua crescente duração e intensidade, são consequências da mudança climática.
A Península Ibérica é uma das regiões mais afetadas pelo aquecimento global, e as canículas e a seca favorecem a propagação de incêndios.
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© Agence France-Presse
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