Dissidentes das Farc pedem que delegações não participem da COP16

Um grupo dissidente das Farc pediu neste sábado às delegações internacionais e colombianas que não participem da COP16, que começa no próximo dia 21 em Cali, em meio a uma ofensiva militar lançada pelo governo no sudoeste do país.

"Diante da guerra com que se responde à nossa demonstração de vontade de paz na COP16, convidamos os delegados das comunidades nacional e internacional a não participar desse evento", publicou no X a dissidência do Estado Maior Central (EMC), grupo que não aceitou o acordo de paz de 2016.

Representantes de cerca de 200 países e 12 mil pessoas são aguardados na COP16, com o objetivo de implementar um plano para proteger a natureza até 2030. Os dissidentes haviam decretado uma trégua durante a reunião de cúpula, após diversos atentados, massacres e tiroteios.

A mensagem do EMC é divulgada após uma operação militar em El Plateado, no departamento de Cauca, onde quase 20 pessoas ficaram feridas. "Rejeitamos energicamente os fatos graves ocorridos em El Plateado. A população civil deve ser protegida", publicou no X a Defensoria do Povo.

Vídeos divulgados pela imprensa mostram a entrada de tanques por ruas empoeiradas, e podem-se ouvir rajadas de tiros. As Forças Armadas também mobilizaram aeronaves.

- Combates -

"Ao bombardear a população civil, o EMC nos obriga a bombardear suas forças", justificou no X o presidente Gustavo Petro, convocando os dissidentes a "vencer a cobiça" e promover a paz, "em favor do povo colombiano".

O comandante do Exército, general Luis Cardozo, informou que os combates foram intensos pela manhã, e que os rebeldes recorreram a ataques com drones para lançar granadas.

Segundo Petro, concluída a intervenção militar, os camponeses da região vão receber "sementes de produção lícita e atendimento social do Estado".

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Quase 29 mil hectares de folha de coca, base da cocaína, espalham-se pelo Vale do Cauca e Cauca, segundo dados da ONU de 2022.

El Plateado é um dos principais redutos do EMC na região do Cânion do Micay, um complexo de montanhas onde os campos de folha de coca são abundantes.

A terceira divisão do Exército afirmou que suas tropas foram hostilizadas e que os rebeldes instalaram "artefatos explosivos improvisados em vias de acesso" onde a frente Carlos Patiño atua. Essa estrutura está sob o comando de Iván Mordisco, que se distanciou do processo de paz com o governo Petro em abril, alegando descumprimentos.

pld/mel/lb

© Agence France-Presse

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