Camponeses próximos a Evo Morales prometem radicalizar protestos na Bolívia

Os indígenas e camponeses que se mobilizam na Bolívia contra a provável prisão do ex-presidente Evo Morales, investigado por um suposto caso de estupro, anunciaram que, a partir de quinta-feira (17), vão radicalizar o protesto com novos bloqueios de estradas.

Organizações de La Paz, Potosí, Chuquisaca e Santa Cruz se juntarão às manifestações que começaram na segunda-feira e interromperão o tráfego nesses departamentos, advertiu Humberto Claros, secretário da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses.

Os protestos mantêm isolado o departamento de Cochabamba, no centro da Bolívia, onde Morales tem sua base política e permanece resguardado.

"É a nível nacional. De maneira escalonada, os departamentos estão adotando [a medida]", disse Claros à AFP.

Nesta quarta-feira (16), os manifestantes mantinham oito pontos de bloqueio, três a mais que na terça, nas rotas que conectam Cochabamba com as cidades de La Paz (oeste), Sucre (sul) e Santa Cruz (leste).

Nos primeiros dois dias de mobilização, houve confrontos entre os camponeses e a polícia em Parotani, entre Cochabamba e La Paz.

Os agentes dispersaram a via com gás lacrimogêneo, mas os manifestantes fecharam o caminho novamente, segundo repórteres da AFP.

O protesto foi convocado pelo Pacto de Unidade, uma coalizão de organizações próximas a Morales, que provavelmente será detido no contexto de uma investigação sobre o suposto abuso de uma menor quando ocupava a Presidência em 2015.

Segundo Morales, o processo se baseia em "mais uma mentira", que já foi investigada e arquivada pela Justiça em 2020.

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Os bloqueios de estradas foram convocados inicialmente com a finalidade de "resguardar a liberdade, integridade e [evitar] o sequestro" do líder indígena de 64 anos, de acordo com o Pacto de Unidade.

No entanto, os participantes agora protestam contra o governo de Luis Arce, a quem Morales atribui uma suposta perseguição judicial e política.

As manifestações se concentram na crise econômica, causada pela escassez de combustíveis e dólares e pelo aumento da inflação.

Os camponeses exigem que Arce se dirija aos pontos de bloqueio como condição para negociar.

"Isto não tem volta. Ou o governo realmente resolve em muito pouco tempo o que precisa fazer ou, definitivamente, que não pode estabelecer um diálogo sincero [...], não nos restará outra alternativa a não ser pedir a renúncia de Luis Arce", acrescentou o dirigente.

Luis Arce e Evo Morales disputam a candidatura presidencial do partido governista de esquerda para as eleições de 2025.

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© Agence France-Presse

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