Autor de ataque em Nova Orleans agiu sozinho, afirma FBI
O veterano do exército americano suspeito de lançar uma caminhonete contra uma multidão que comemorava a chegada do Ano Novo em Nova Orleans aparentemente agiu sozinho, afirmou o FBI nesta quinta-feira (2).
O ataque deixou 14 mortos e mais de 30 feridos, e o suspeito, identificado como Shamsud Din Jabbar, um americano de 42 anos que vivia no Texas, morreu em uma troca de tiros com a polícia.
"Houve 14 mortos, além do próprio autor; ou seja, 15 pessoas no total", esclareceu Christopher Raia, vice-diretor adjunto do FBI, em uma coletiva de imprensa nesta quinta.
Apesar das preocupações iniciais de que Jabbar pudesse ter cúmplices ainda foragidos, as investigações preliminares mostram que ele aparentemente agiu sozinho, informou Raia.
"Não acreditamos, neste momento, que alguém mais tenha se envolvido neste ataque, além de Shamsud Din Jabbar", indicou o funcionário.
Raia também informou que foram coletadas imagens de câmeras de segurança mostrando Jabbar posicionando duas bombas caseiras na Bourbon Street, local do ataque, e em uma rua adjacente.
Segundo o presidente Joe Biden, havia detonadores remotos.
Raia, por sua vez, descartou qualquer ligação entre o atentado em Nova Orleans e a explosão de um carro elétrico da Tesla no mesmo dia em Las Vegas.
"Neste momento, não há uma conexão conclusiva entre o ataque de Nova Orleans e o de Las Vegas", disse.
O homem que supostamente alugou o veículo, o qual estava carregado com galões de gasolina e fogos de artifício, foi membro das forças especiais do exército americano, segundo fontes oficiais.
As autoridades informaram que uma pessoa que estava no interior do veículo morreu e sete transeuntes ficaram feridos por conta da explosão, que ocorreu em frente a um hotel de propriedade do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
- "Inspirado pelo EI" -
As autoridades destacaram o surgimento de provas indicando que o suspeito professava lealdade ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Biden afirmou na quarta-feira que, horas antes do ataque, Jabbar publicou vídeos dizendo agir "inspirado" pelo EI.
Anne Kirkpatrick, superintendente da polícia, descreveu Jabbar como um "terrorista", enquanto o FBI afirmou que "uma bandeira do EI foi encontrada no veículo".
O grupo jihadista EI sobrevive no Iraque e na Síria, apesar da destruição de seu "califado", que controlou vastas áreas em ambos os países entre 2014 e 2019.
- "Aterrorizante" -
O ataque ocorreu no famoso Bairro Francês de Nova Orleans, no sul dos Estados Unidos, às 3h15 locais (6h15 de Brasília) de 1º de janeiro.
"Foi aterrorizante. Chorei muito", disse à AFP Ethan Ayersman, um turista de 20 anos que ouviu o estrondo e viu corpos na rua da janela de seu quarto.
Nesta quinta-feira, o Vaticano expressou pesar. "O papa Francisco ficou profundamente entristecido ao saber das mortes e feridos no ataque ocorrido em Nova Orleans", afirmou o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, em mensagem ao arcebispado da cidade.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também declarou estar "profundamente entristecida pelo horrível atentado".
"Estamos chocados com este incidente violento", declarou uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, destacando que seu país se opõe "firmemente" a qualquer ato "terrorista contra civis".
Entre os mortos está Nikyra Cheyenne Dedeaux, uma estudante de 18 anos que foi a Nova Orleans comemorar o Ano Novo com um amigo e um primo, segundo a imprensa.
Também morreram Reggie Hunter, um administrador de 37 anos de Baton Rouge, pai de dois filhos, e Tiger Bech, um ex-jogador de futebol americano da Universidade de Princeton, informou o The New York Times.
- Crimes menores -
O Pentágono confirmou que Jabbar serviu no Exército como especialista em recursos humanos e informática entre 2007 e 2015, sendo reservista até 2020.
Ele foi destacado para o Afeganistão de fevereiro de 2009 a janeiro de 2010, informou um porta-voz militar, acrescentando que o homem ocupava o posto de sargento ao final de seu serviço.
Segundo antecedentes criminais publicados pelo Times, Jabbar foi acusado de dois delitos menores: um em 2002, por roubo, e outro em 2005, por dirigir com uma habilitação inválida.
Foi casado duas vezes, de acordo com o jornal, e seu segundo casamento terminou em divórcio em 2022, quando detalhou problemas financeiros em um e-mail ao advogado de sua esposa.
Nova Orleans é um dos destinos turísticos mais visitados dos Estados Unidos e receberá o popular Super Bowl no próximo mês.
O ataque aconteceu horas antes de uma partida de futebol americano da liga universitária, o Sugar Bowl, que foi adiada por 24 horas e será disputada nesta quinta-feira.
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© Agence France-Presse
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