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Bairro da zona oeste do Rio ganha teatro construído por iniciativa comunitária

24/01/2016 12h35

Bairro com a maior extensão territorial do município do Rio de Janeiro e um dos mais populosos, com mais de 200 mil habitantes, Santa Cruz, na zona oeste da cidade, é ainda carente em espaços de arte e cultura. Neste fim de semana, porém, o bairro ganhou o Teatro a Céu Aberto do Saquassu, construído por um projeto sociocultural comunitário, desenvolvido pela equipe que há 12 anos mantém  no local o Centro de Artes Casa da Rua do Amor.

O elogiado espetáculo teatral A Hora da Estrela, baseado no livro do mesmo nome da escritora Clarice Lispector, com os atores Joelma di Paula e Angelo Mayerhofer no elenco, inaugurou o teatro, na noite de ontem (23). Com capacidade para 200 lugares e palco italiano coberto, o Teatro a Céu Aberto já tem agendadas para este ano apresentações de cinco companhias, em espetáculos de dança, teatro e música, para adultos e crianças.

O novo espaço ficará sob gestão compartilhada do diretor teatral e produtor cultural Luiz Vaz e da 7 Phocus Cia de Teatro. A inauguração também marca a nomeação de outros espaços já existentes no centro de artes: o Cineclube Waldir Onofre, o Teatro de Bolso Vilma Camarate e a Sala de Leitura e Escritas Criativas Fabi Corrozino.

Os espaços homenagearão pessoas que deram grande contribuição para a cultura na zona oeste da cidade, onde a participação comunitária foi fundamental. "Foi importante o papel dos moradores e comerciantes da comunidade com ajuda em dinheiro, mão de obra voluntária e material de construção para a reforma dos espaços da casa", conta Giselle Flôr, diretora da 7 Phocus.

A construção do teatro e a montagem de uma agenda artística para o ano de 2016 foram possíveis com a ajuda do Prêmio de Ações Locais - Edição Rio450, concedido no ano passado pela prefeitura à iniciativa do Centro de Artes Casa da Rua do Amor. O Teatro a Céu Aberto ainda não tem nome e o processo de escolha, segundo os gestores do espaço, será democrático e popular, com a participação dos moradores do bairro. No entanto, o produtor cultural Luiz Vaz, um dos fundadores do centro de artes, propõe uma homenagem ao dramaturgo e diretor Augusto Boal (1931-2009), fundador do Teatro do Oprimido.

"Temos o nome de Boal como um dos primeiros da lista, por sua vida dedicada ao teatro popular, mas quem decidirá são os moradores", diz Vaz. Segundo ele, mesmo que o nome de Boal não venha a ser escolhido, o dramaturgo será homenageado com uma placa no teatro.

A casa onde funciona o centro de artes, no número 3 da Rua do Amor, foi doada há 12 anos pela extinta empresa Valesul Alumínio, que tinha fábrica em Santa Cruz. Nos anos 2000, a empresa fez um diagnóstico da região e seu entorno para conhecer as necessidades básicas dos moradores. Entre os temas apontados no questionário estava a falta de atividades de arte e cultura.