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Estudantes criam aplicativo para dar visibilidade a empreendedores negros

23/02/2016 20h09

Três jovens estudantes da Fundação Getulio Vargas e do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), onde dois deles fazem mestrado em matemática aplicada e um está se graduando em ciências sociais, criaram um aplicativo de celular, o Kilombu, cuja primeira versão está disponível para plataforma Android, desde o último dia 20. O aplicativo reúne anúncios de serviços e negócios prestados por empreendedores negros que, em sua maioria, nunca tiveram acesso a estratégias de marketing ou a ferramentas de administração adequadas.

"O objetivo é ser uma vitrine, um espaço para dar visibilidade para esses empreendedores", disse hoje (23) à Agência Brasil, Hallison Paz, criador do aplicativo, ao lado de Kizzy Terra e Vitor Del Rey. Este último trabalhava como voluntário, em paralelo ao curso de ciências sociais na FGV, em uma clínica da própria fundação, que ajuda empreendedores de comunidades carentes a se formalizarem.

Ao notarem que havia muita deficiência de comunicação e conhecimento entre os empreendedores em coisas básicas, que os impediam de progredir em seus pequenos negócios, os estudantes decidiram criar o aplicativo, onde as pessoas possam ser divulgadas, sem ficarem restritas a uma página do Facebook  e a poucas "curtidas", e ganhem mais visibilidade.

Hallison Paz disse que a ideia agora é fazer parcerias com núcleos da própria FGV e de outras universidades, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), que desenvolvem trabalhos de consultoria na parte de administração e finanças para empreendedores carentes.

Segundo Hallison, o Kilombu oferece, além do aplicativo, a parte de consultoria que será prestada por meio de parceiros para melhorar os negócios dos empreendedores negros. "A nossa intenção é melhorar o aplicativo cada vez mais e prover serviços para esses empreendedores". Os anúncios dos negócios podem ser feitos gratuitamente no aplicativo.

Os criadores do Kilombu não descartam também a possibilidade de cobrar por algum tipo de anúncio adicional patrocinado por empresas, como fazem o Google e o Facebook, visando a captação de recursos para impulsionar a publicação, de modo a atingir um público maior.

Hallison Paz admitiu que o aplicativo é uma maneira de também valorizar o empreendedor negro na sociedade brasileira. Citou dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que apontam que metade dos empreendedores brasileiros é negra. "E você não vê esses caras", disse. Embora 50% dos empreendedores sejam negros, apenas 9% deles são empregadores. "Ou seja, têm algum negócio que vai crescer em algum momento para ter funcionários". Em contrapartida, entre os brancos, 78% dos empreendedores são empregadores. "Então, 91% dos negros têm negócios pequenos, trabalham com a família ou sozinhos, e há muita gente na informalidade".

Com o aplicativo, os estudantes incentivam o empreendedor negro a sair do anonimato, ter uma visibilidade maior e, em consequência, mais negócios. A versão do Kilombu para Apple já está sendo trabalhada e será lançada ainda este ano. Maiores informações podem ser obtidas neste endereço.