"A política morreu", diz Barroso, em referência à saída do PMDB do governo
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou hoje (31), durante audiência com alunos da Fundação Lemann, a falta de alternância de poder e disse que a "política morreu". As declarações do ministro se referiram ao desembarque PMDB da base aliada do governo da presidenta Dilma Rousseff.
As declarações foram feitas durante audiência realizada na sala da Primeira Turma do STF. O ministro começou a conversa com os alunos dizendo que falava privadamente com eles, mas o diálogo foi transmitido pelo sistema interno da Corte para todos os gabinetes.
"A política morreu, porque nós temos um sistema político que não tem um mínimo de legitimidade democrática", disse Barroso, ao ser questionado pelos alunos sobre a atual crise política.
"O sistema deu uma centralidade imensa ao dinheiro e à necessidade de financiamento, e se tornou um espaço de corrupção generalizada. Estou falando aqui, em um ambiente acadêmico, como se eu estivesse com meus alunos. Quando, anteontem, o jornal exibia que o PMDB desembarcou do governo, e mostrava as pessoas que erguiam as mãos, eu olhei e disse: Meu Deus do céu, essa é nossa alternativa de poder. Não vou fulanizar. Quem viu a foto, sabe do que eu estou falando. Portanto, o problema da política, nesse momento, é a falta de alternativa. Não tem pra onde correr. Isso é um desastre."
No meio de sua fala, Barroso foi alertado por sua chefe de gabinete de que a audiência estava sendo transmitido pelo sistema interno de tramissão das sessões do STF e disse: "Pede para desgravar. Ter transmitido, paciência, mas para não ter uma fita."
Na foto, à qual Barroso se referia, aparece o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e ex-minisitro da Aviação Civil Eliseu Padilha. A imagem foi feita na reunião do PMDB, realizada na última terça-feira (29), quando o partido decidiu deixar a base aliada do governo.
Palestra
Em outro evento, hoje, Barroso declarou que é contra a existência de foro privilegiado no país. "Foro por prerrogativa de função é um desastre para o país, a minha posição é extremamente contra", disse Barroso, em palestra sobre reformas do Estado no Centro Universitário de Brasília (Uniceub). "É péssimo o modelo brasileiro, e estimula fraude de jurisdição, na qual, quando nós julgamos, o sujeito renuncia, ou quando o processo avança, ele se candidata e muda a jurisdição. O sistema é feito para não funcionar", acrescentou.
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