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Milhares de mulheres marcham contra a cultura do estupro em Brasília

Mulheres caminham até o STF protestando contra o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos no Rio  - Ueslei Marcelino/Reuters
Mulheres caminham até o STF protestando contra o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos no Rio Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Felipe Pontes

Da Agência Brasil

29/05/2016 14h28

Após uma contagem regressiva de trinta a zero, cerca de 3.000 manifestantes, a maioria mulheres carregando flores nas mãos, marcharam na manhã deste domingo (29) pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra a cultura de estupro, pedir justiça para os casos que envolvam violência contra a mulher e exigir políticas públicas que garantam a educação de gênero nas escolas brasileiras.

A "Marcha das Flores - 30 Contra Todas", organizada por 16 entidades ligadas a causas feministas e de defesa da criança e do adolescente, foi motivada pelo caso da menor estuprada por mais de 30 homens no Rio de Janeiro. Um vídeo com imagens do crime foi publicado na internet na última quarta-feira (25), causando comoção nas redes sociais e a entrada da polícia no caso.

Sob gritos de ordem como "Mexeu com uma, mexeu com todas", "Não tem justificativa" e "Lugar de mulher é onde ela quiser", as manifestantes seguiram até a frente do Supremo Tribunal Federal (STF), onde derrubaram as grades que cercavam o local e tomaram a frente do edifício, sobre o qual foram fixadas calcinhas pintadas de vermelho, numa alusão à violência sexual contra a mulher.

"Para nós, a rua é um campo de batalha. Os homens não têm ideia do medo que a gente vive diariamente. Todos têm esse potencial de ser agressor, porque é natural de nossa cultura subjugar a mulher. Essa desconstrução é muito difícil, mas vamos enfrentar", disse a professora Daniela Gontijo, de 29 anos.

A estátua de Têmis, a deusa da Justiça, que fica em frente ao STF teve o colo coberto por flores e por cartazes nos quais se liam "Fere o Corpo, Fere a Alma" e "Mulheres Contra a Cultura de Estupro". As mulheres gritavam também gritadas palavras de ordem contra o governo.

"Só com escola e com políticas públicas que se pode combater qualquer tipo de violência, e em especial a violência contra a mulher e o machismo", opinou Ana Beatriz Goldstein, funcionária da Secretaria da Mulher do Distrito Federal e uma das organizadoras do ato. Segunda ela, dezenas de diretoras de escolas públicas estavam presentes.

A estimativa de público dada pelas organizadoras foi maior do que a da Polícia Militar, segundo a qual cerca de 2.000 pessoas compareceram ao ato.