Operação da PF tem mandados de prisão contra dez familiares de Beira-Mar
Dez familiares e três advogados de Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, estão entre os 35 mandados de prisão da Operação Epístolas, deflagrada hoje (24) pela Polícia Federal (PF). Cinco filhos dele, a irmã, uma ex-mulher, a sogra e sobrinhos estão entre os que tiveram a prisão preventiva pedida. A PF ainda não tem um balanço de quantos já foram presos. Sua irmã, que também era advogada de Beira-Mar, considerada um de seus braços direitos administrava seus bens e atividades ilícitas. Ela foi presa em casa, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A polícia não divulgou os nomes dos investigados. Segundo o delegado federal chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes de Rondônia, Leonardo Marino, o traficante era informado de todas as decisões da quadrilha, apesar de estar preso há 16 anos, sendo 12 anos no sistema penitenciário federal. O bilhete que alertou os agentes penitenciários e deu início à operação foi encontrado picotado em uma marmita descartada por Beira-Mar, e teve que ser remontado e periciado pelos agentes. Segundo a PF, não há indícios de conivência de servidores do presídio com o esquema. "A operação demonstra que, mesmo recluso há anos, o principal investigado ainda detém o controle do tráfico de drogas e diversas outras atividades em comunidades de Duque de Caxias", disse o delegado. "Ele controlava todas as ações. Ninguém poderia fazer nenhuma atividade sem seu consentimento." A PF cumpre hoje 22 mandados de prisão preventiva, 13 de prisão temporária e 85 de busca e apreensão . Outras 27 pessoas estão sendo conduzidas coercitivamente a depor. Beira-Mar também está sendo interrogado pela operação, e será transferido da Penitenciária Federal de Porto Velho ainda hoje. Os presos preventivamente serão transferidos para Rondônia, de onde saíram as decisões judiciais para a operação, emitidas pela 3ª Vara Federal. Bilhetes Para repassar as ordens aos subordinados, o criminoso utilizava bilhetes que eram passados a um preso que estava na cela ao lado. O detento recebia visitas íntimas e entregava os recados a sua mulher, que os escondia em seu corpo para ocultá-los da revista. O traficante tinha uma rede de confiança em Porto Velho, e chegava a gastar R$ 20 mil por mês apenas com passagens para as pessoas que recebiam e traziam os recados. Outras táticas da quadrilha eram mímicas e códigos que o traficante usava ao se comunicar com sua mulher em visitas virtuais, já que ela também está presa. Para repassar as mensagens, a quadrilha também se valia de e-mails, mas fazia o procedimento chamado pela PF de caixa morta. Mensagens eram escritas e salvas nos rascunhos, para que outras pessoas lessem e apagassem, sem que o texto tivesse que ser enviado a outro endereço de e-mail. As investigações apontam que Beira-Mar tinha um patrimônio de ao menos R$ 30 milhões, e suas atividades haviam se diversificado, incluindo venda de gás, de água, de cestas básicas e cigarros em 13 comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O delegado explicou que a operação visa a enfraquecer economicamente a organização, que usava imóveis, casas de show e bares para misturar o dinheiro ilícito ao lícito. Empresários e gestores ligados a esses estabelecimentos estão entre os presos temporariamente na operação. Nas mensagens, Beira-Mar cita inclusive orientações para a compra de armas e de drogas em outros países e fala sobre homicídios feitos antes do período da investigação. O acusado dessas mortes está entre os presos, no Ceará. Os três advogados de Beira-Mar, segundo o delegado, deixaram de se limitar à defesa do preso, e passaram a ajudá-lo na coordenação das atividades ilícitas e na ocultação de bens. Além da irmã, foi preso um advogado no Rio de Janeiro e outro no Distrito Federal. De acordo com a PF, a quadrilha tinha influência inclusive na nomeação de pessoas para ocupar cargos de confiança na Câmara Municipal de Duque de Caxias, onde um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido hoje. Segundo o delegado, ainda não é possível afirmar se algum político tem participação no esquema. Entre as apreensões da operação estão R$ 100 mil em espécie, 150 caixas de cigarro e 200 cestas básicas.
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