Após operação policial, capital paulista tem 22 locais com usuários de crack
Como decorrência da operação policial realizada no último domingo na chamada Cracolândia, existem atualmente 22 pontos de concentração de usuários de crack na Luz e bairros próximos, na região central da capital paulista, de acordo com a prefeitura de São Paulo. Segundo afirmou hoje (25) o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, o mapeamento feito pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) localizou cerca de 340 pessoas espalhadas pela área próxima de onde estava a Cracolândia e em pontos mais distantes, como na Santa Cecília e Santa Ifigênia. Na operação do domingo, a Polícia Civil realizou prisões e apreensões no chamado fluxo, quarteirões ocupados por barracas improvisadas e usuários. Os grupos de pessoas agora perambulam pelas ruas, sendo frequentemente reprimidos pela Polícia Militar ou pela GCM. Um dos maiores locais de concentração é a Praça Princesa Isabel, a menos de 500 metros do local onde foi realizada a ação policial. As mudanças na dinâmica da Cracolândia não são, no entanto, um problema, na opinião de Pesaro. "Na medida que ela se dispersa [concentração de usuários] você acaba tendo maior facilidade na abordagem e maior dificuldade para o tráfico", afirmou após reunião para definir as medidas do Programa Redenção, iniciativa municipal que pretende substituir o Programa De Braços Abertos, da gestão anterior. As mudanças trouxeram novas necessidades às equipes de assistência social e de saúde que fazem abordagens aos usuários. "A ação ia ser feita unicamente na Cracolândia, naquela situação geográfica, e hoje ela feita na cidade inteira. Inclusive, nós colocamos veículos à disposição das nossas equipes de abordagem para que eles possam ir às regiões de concentração", ressaltou o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara. O secretário municipal de Governo, Julio Semeghini, admitiu, entretanto, que a ação, coordenada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, aconteceu antes que o Redenção e a rede municipal estivessem prontos para atender aos usuários. "Ela [a ação policial] nos pegou em fase de preparação das nossas ações. Mas, agora, na prática, ela está ajudando", disse. Imóveis e demolições Ante do quadro atual, o prefeito João Doria, que no dia da operação policial anunciou o fim da Cracolândia, se justificou sobre os resultados das ações dos últimos dias. "Nós nunca falamos que os dependentes deixariam de existir. A Cracolândia, fisicamente, são prédios. São edificações que são utilizadas por uma facção criminosa na capital de São Paulo para a distribuição de entorpecentes", destacou. A prefeitura lacrou quase todos os imóveis residenciais e comerciais de dois quarteirões onde ficava o fluxo. Também foram feitas algumas demolições. Durante a derrubada de um desses prédios, três pessoas ficaram feridas. De acordo com o secretário Julio Semeghini, houve um erro e a derrubada acabou sendo iniciada antes de que a edificação fosse esvaziada. O caso foi citado em uma liminar emitida ontem pela 3ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo que proibiu a administração municipal de continuar as remoções e demolições antes de cadastrar os moradores e garantir atendimento de saúde e habitação. A prefeitura informou que vai cumprir as exigências. Internações compulsórias Sobre o pedido da prefeitura à Justiça para fazer internações compulsórias, o secretário de Saúde, Wilson Pollara, disse que não há a intenção de usar a medida de forma indiscriminada. A intenção, segundo ele, é facilitar o trâmite legal. Para que uma pessoa seja levada para tratamento psiquiátrico sem autorização da família, é necessário uma decisão judicial, além de um parecer médico. "Nós continuamos com a análise médica e psiquiátrica caso a caso. Nós estamos solicitando que não exista mais uma análise judicial caso a caso", disse. O secretário estadual Floriano Pesaro discordou da visão da prefeitura sobre o tema. "Nós não achamos necessário [o pedido à Justiça para internações compulsórias]. A legislação já prevê a questão da internação compulsória ou voluntária. Nós já temos legislação para isso e sabemos qual é o caminho", destacou.
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