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Aloysio Nunes discute Venezuela com secretário de Estado dos EUA

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, recebe o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes Ferreira, no Departamento de Estado, em Washington - Jacquelyn Martin/AP
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, recebe o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes Ferreira, no Departamento de Estado, em Washington Imagem: Jacquelyn Martin/AP

Paola De Orte

Correspondente da Agência Brasil

02/06/2017 17h34

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, se reuniu nesta sexta-feira (2) com o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, em Washington.

Na reunião, os dois trataram de temas de interesse comum, como investimentos, segurança e cooperação na área jurídica. Um dos principais assuntos, segundo Nunes e o Departamento de Estado dos Estados Unidos, foi a situação da Venezuela.

Segundo o ministro, ele e Tillerson trataram da "preocupação com a deterioração da situação política e a suas consequências, e também da deterioração das condições de vida [na Venezuela]". Ele também destacou que, para o Brasil, o tema ganha ainda mais relevância por causa da fronteira comum entre os dois países e da migração de venezuelanos.

A Venezuela foi a razão pela qual o ministro esteve em Washington. Ele participou, na quarta-feira (31), da reunião de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a situação no país.

Segundo o ministro, mesmo que os países da OEA não tenham alcançado consenso, a sessão mostrou a legitimidade da organização para resolver questões no continente, legitimidade essa que teria sido reconhecida também por países do Caribe, tradicionalmente mais próximos da Venezuela.

Dez pontos

Nunes apresentou ao secretário de Estado norte-americano dez pontos em que as relações bilaterais devem se focar nos próximos três meses. Segundo, no fim desse período, os dois países devem se reunir novamente para verificar se houve avanços efetivos.

Os pontos são: comércio, investimento, aviação civil, espaço, infraestrutura e energia, agricultura, saúde, economia digital, defesa e segurança.

O chanceler brasileiro também disse que falou sobre recuperar a dimensão econômica do Mercosul e eliminar barreiras ao livre comércio entre os países do bloco, assim como tratou dos investimentos nos países da Aliança do Pacífico.

"Na América do Sul, neste momento, nós temos uma grande convergência em torno da democracia, da segurança jurídica, liberdade de comércio, inclusive em países em que os governos têm posições políticas diferentes da nossa. Temos uma exceção a isso que é a Venezuela", disse.

Acordo do clima

Após a reunião, o ministro comentou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.

"Nós lamentamos. Nesse Acordo de Paris, a presença dos Estados Unidos é muito importante", afirmou, mas disse que o Brasil vai continuar engajado na agenda do clima, posicionamento classificado por ele como "ponto fundamental da nossa política externa".

Nunes também afirmou que Tillerson afirmou sua convicção de que o Brasil é um país institucionalmente sólido, com Judiciário independente e liberdade de imprensa. "Temos turbulência política, mas que não significa uma turbulência institucional", afirmou o ministro.

PSDB

O ministro voltou a afirmar que não acredita que o PSDB deixará o governo.

"O PSDB não é madame Bovary", afirmou, em alusão ao romance francês do século 19 de Gustave Flaubert em que a personagem Emma Bovary trai o marido. Sobre as denúncias contra o senador afastado Aécio Neves, o ministro disse que vê a situação com muita tristeza, mas que a situação será decidida pelos tribunais.

Quando questionado sobre a possibilidade de aprovação das reformas do governo, o ministro afirmou que "o Congresso brasileiro está funcionando e o presidente Temer tem maioria no Congresso, e uma maioria ativa que está dando resultados", e completou: "todos os países que se engajaram em reforma da Previdência tiveram dificuldades enormes em aprová-las, inclusive o Brasil".