Senado argentino autoriza buscas em residências de Cristina Kirchner
O Senado argentino autorizou nesta quarta-feira (22), por unanimidade, a busca judicial em três residências da ex-presidente e atual senadora Cristina Kirchner. O pedido foi feito há duas semanas pelo juiz Claudio Bonadio, que investiga o chamado Escândalo dos Cadernos da Corrupção, envolvendo ex-funcionários do governo e empresários, comparado à operação Lava-Jato, no Brasil. Cristina Kirchner, primeira mulher eleita e reeleita presidente da Argentina, sucedeu o marido e ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007). Juntos, eles governaram o país durante 12 anos. Desde que ela deixou o poder, em 2015, entrou na mira da Justiça e já está respondendo a vários processos, a maioria deles por corrupção. Mas como é senadora, tem imunidade parlamentar.
Bonadio pediu a retirada do foro privilegiado de Cristina Kirchner e a sua detenção, além da autorização para realizar buscas em suas propriedades. Ele tem o apoio das bancadas governistas, mas o governo do presidente Mauricio Macri não tem maioria no Congresso. Os senadores oposicionistas só deram quórum para a votação desta quarta-feira (22), depois de terem recebido, na véspera, uma carta da própria ex-presidente, aceitando a busca. Na terça-feira (21) à noite, milhares de argentinos, convocados pelo governo, realizaram uma marcha contra a corrupção. Pediam a retirada do foro privilegiado de Cristina Kirchner e cadeia para a ex-presidente. Hoje (22), um grupo menor de manifestantes esperava a senadora no Congresso. Em discurso, a ex-presidente disse ser vítima de perseguição politica e questionou a autenticidade dos Cadernos da Corrupção. Trata-se de oito cadernos, usados por um ex-motorista do Ministério do Planejamento, para anotar todas as viagens feitas por ele ao longo de dez anos, para entregar sacolas com milhares de dólares - supostamente propinas pagas por empresários e ex funcionários do governo, para obter concessões de obras públicas. Os cadernos desencadearam uma série de buscas e prisão de ex-funcionários do governo e mais de 20 empresários, muitos dos quais estão fazendo delação premiada.
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