MPF denuncia juiz e procurador por colaboração com a ditadura
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou um juiz e um procurador aposentados, além de um ex-delegado, pela atuação no caso do assassinato do ativista político Olavo Hanssen, em 1970 pela repressão da ditadura militar. O juiz da Auditoria Militar Nelson da Silva Machado Guimarães e o então procurador da Justiça Militar Durval Ayrton Moura de Araújo são os primeiros membros do Ministério Público e do Judiciário denunciados por crimes durante o regime autoritário. Segundo o MPF, Hanssen foi preso por distribuir panfletos nas comemorações do 1º de Maio, Dia do Trabalho. Levado ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no centro de São Paulo, foi submetido a sessões de tortura durante uma semana sob o comando do então delegado Josecir Cuoco, também denunciado, e com a participação do chefe da equipe de interrogatórios preliminares do Dops, Ernesto Milton Dias, e do investigador Sálvio Fernandes do Monte, ambos já falecidos. Hanssen sofreu afogamentos e espancamentos no pau de arara, instrumento em que a vítima fica de cabeça para baixo durante a tortura. Passou ainda por diversas sessões de choques elétricos na cadeira do dragão, assento revestido de metal onde os prisioneiros eram amarrados para ser eletrocutados, e com a pianola Boilesen, aparelho trazido dos Estados Unidos pelo empresário Albert Hening Boilesen e que tinha diversas gradações de descargas elétricas. Devido aos ferimentos, Hanssen acabou morrendo na manhã de 9 de maio no Hospital do Exército da 2ª Região Militar. O regime forjou a versão de que Hanssen tinha se suicidado ingerindo veneno.
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